Mais de metade das armas e quase todas as munições da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) desapareceram na sequência das divisões na estrutura daquela força, noticiou hoje a imprensa australiana.
Citando um analista de segurança que não identifica, o jornal Sydney Morning Herald noticia que se desconhece o paradeiro de metade das três mil pistolas Glock de 9mm que tinham sido distribuídas aos 3.400 membros da PNTL.
Também desapareceram mais de metade das 400 carabinas de assalto Steyr e pistolas-metralhadoras HK-33, 160 das 200 espingardas FNC e todas as pistolas automáticas F-2000 usadas por efectivos do corpo de protecção pessoal da PNTL.
Sem indicar como obteve estes dados, o jornal refere igualmente que desapareceram as munições das armas usadas pela PNTL, cujo comandante, o superintendente Paulo Fátima Martins, tem estado ausente de Díli desde a eclosão dos confrontos.
Até agora, acrescenta o jornal, a força militar australiana no terreno confiscou mais de mil armas, mas quase todas são catanas, machetes e espadas.
A elaboração de inventários detalhados do armamento quer da PNTL quer das forças armadas é uma das medidas acordadas na última reunião do Conselho Superior de Defesa e Segurança (CSDS), do sábado passado.
As medidas são detalhadas num documento distribuído hoje em Díli ao corpo diplomático, a que a agência Lusa teve acesso.
No caso da PNTL, e segundo o documento, o inventário total de bens da polícia tem que ser entregue num prazo de sete dias, ou seja até ao próximo fim-de-semana.
Efectivos da polícia e das forças armadas timorenses abandonaram as respectivas cadeias de comando desde o final de Abril, após uma intervenção dos militares durante uma manifestação de cerca de 600 ex-soldados que tinham sido afastados depois de terem denunciado alegados actos de discriminação étnica na instituição.
O Governo afirma que nessa manifestação morreram cinco pessoas, mas os militares rebeldes dizem que foram mortas cerca de 60 em Taci Tolo, na saída ocidental de Díli.
Desde então, Díli tem sido palco de confrontos entre diversos grupos, incluindo de militares e de polícias, que provocaram cerca de duas dezenas de mortos e mais de uma centena de feridos.
As Nações Unidas estimam em mais de 100 mil o número de pessoas deslocadas na sequência da onda de violência, encontrando-se a maioria em campos de acolhimento improvisados em Díli.
Efectivos militares e policiais da Austrália, Nova Zelândia, Malásia e Portugal (120 elementos da GNR) encontram-se em Timor-Leste no âmbito de um pedido de apoio das autoridades timorenses para ajudar a repor a ordem e a segurança no país.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 06.06.2006