Ilha da Inhaca
* Chineses já não devassam tartarugas e golfinhos
* Turistas queixam-se dos preços de hospedagem elevados
Autoridades marítimas desprovidas de recursos para fiscalização adequada, afirma Juma Agy, da «Gone Fishing»
Pescadores chineses deixaram de pescar ilegalmente nas águas envolventes da Ilha de Inhaca disse ao «Canal de Moçambique» Juma Agy, um dos gerentes da «Gone Fishing», uma organização empresarial que promove desportos náuticos naquela zona turística do Município de Maputo. Ele precisou que até há sensivelmente um ano e meio havia barcos chineses que “tomavam de assalto” as águas da ilha e arrastavam as suas redes até mesmo às zonas de reserva.
Antes da invasão dos barcos chineses, segundo o gerente da «Gone Fishing», “havia muitas tartarugas e muitos golfinhos, mas depois essas espécies começaram a desaparecer. Agora existem poucos animais marinhos nas nossas águas e é preciso recuperá-los”.
A devastação da fauna marinha foi minimizada, diz o nosso interlocutor, com a intervenção da empresa «Gone Fishing» que funciona naquela ilha em parceria com a «Inhaca Pestana Lodge» que opera em turismo naquele distrito urbano do Municipio de Maputo.
O que a «Gone Fishing» fez, segundo Juma Agy, foi informar as autoridades marítimas estacionadas do lado do continente a propósito da presença de pescadores furtivos na ilha de Inhaca. A resposta não tardou, tendo havido, igualmente, a intervenção da guarda marítima.
“Outro grupo de chineses que também pescava ilegalmente aqui na ilha, e nas zonas da reserva, era dos que se faziam passar por turistas, mas este grupo também reduziu. Com a intervenção das autoridades marítimas, alguns nativos também deixaram de colaborar com os referidos chineses”, sublinhou Agy.
Para recuperar a biodiversidade marinha e devolver o bem estar aos animais marinhos, Agy diz que a sua empresa tem estado a sensibilizar os nativos sobre a necessidade de preservar o ambiente e não caçar tartarugas. Não obstante, a «Gone Fishing» acha que as autoridades marítimas deviam aceitar ainda mais o apoio que a sua empresa tem a dar na protecção da biodiversidade naquela ilha.
Depois da expulsão dos furtivos chineses, a empresa, segundo o gerente, propôs um trabalho conjunto com a estação de biologia marítima local, que é a principal responsável pelas reservas, mas ainda não recebeu resposta.
Contando actualmente com 11 trabalhadores, entre os quais marinheiros, mergulhadores e motoristas, a «Gone Fishing» dispõe de “pelo menos sete barcos e dois carros”.
Enquanto isso, o senhor Rosário Honwana, o delegado marítimo destacado pelo governo para aquela ilha, segundo precisou Agy, “trabalha sozinho”.
“Ele vigia o mar sem que tenha um barco. Ou seja: existe uma autoridade marítima, mas não consegue controlar a situação porque tem falta de barco”.
Neste momento, segundo Agy, a «Gone Fishing» é a única empresa que pratica a pesca desportiva naquela ilha, do mesmo jeito que a «Inhaca Pestana Lodge» é a única estância turística que lá existe.
Segundo a mesma fonte, a conservação ambiental poderá contribuir decisivamente para que mais e mais turistas sejam atraídos para a Ilha.
Nos últimos anos, segundo Agy, o fluxo de turistas para aquele destino tem estado a reduzir.
Juma Agy considera que também os preços de hospedagem naquela estância turística do Grupo Pestana contribui para “afugentar” os turistas. Os turistas queixam-se: “São muito altos”. Ele acredita que os preços poderiam ser “mais convidativos” caso houvesse mais unidades turístico-hoteleiras na ilha. “Pelo menos três”, calcula. Mas o que ele propõe é soluções para que haja mais movimento.
Diz-nos que a maioria dos turistas que afluem à ilha é constituída por sul-africanos, mas também há casos de turistas chineses, portugueses, ingleses e nacionais – estes em menor escala.
Os poucos turistas que aparecem no local, segundo Aly, também “têm sido vítimas de assaltos”. “Há problemas de segurança. Alguns rapazes da ilha às vezes protagonizam assaltos nas praias”. “Mas as coisas melhoraram com o aumento do número de polícias”. “Antes tínhamos volta de cinco polícias, mas agora temos aproximadamente vinte”. “Os turistas, quando chegam, muitas vezes perguntam se há cá polícias”, concluiu.
Armando Nenane - CANAL DE MOÇAMBIQUE - 06.06.2006
NOTA:
Não admira que os chineses tenham abandonado a Inhaca. Já não havia mais que apanhar... E turismo sem segurança e com preços altos, como Sr. Ministro? E estamos a falar de uma pequena ilha...com meia dúzia de habitantes.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE