Europa destinará a África
Beira e Zambeze contemplados
A Comissão Europeia (CE) lançou quinta-feira uma iniciativa para construir infra-estruturas regionais na África no valor de 5,6 mil milhões de euros, dentro da estratégia de promoção do desenvolvimento no continente.
A CE está também a preparar a criação de um fundo com mais dinheiro dos países europeus, disse o comissário de Desenvolvimento europeu, Louis Michel, ao apresentar a iniciativa.
O plano prevê projectos inter-regionais de geração de energia hidroeléctrica, redes de distribuição eléctrica, construção de estradas, telecomunicações e gestão de bacias fluviais. A iniciativa “permitirá a África construir infra-estruturas essenciais para que tenha uma verdadeira descolagem económica”, afirmou o comissário, acrescentando que a reestruturação do Continente é requisito prévio para o crescimento, a integração regional e a luta contra a pobreza. Os recursos procederão do 10.º Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED, 2008-2013), mas a CE começará a destinar verbas a partir deste ano, com uma quantia inicial de 60 milhões de euros procedentes do 9.º programa do FED, actualmente em vigor.
O Banco Europeu de Investimentos (BEI) prevê-se que ceda 260 milhões de euros em créditos.
O comissário disse que os projectos de alta intensidade de mão-de-obra podem “fixar povoações em seus países de origem” e contribuir para atenuar a imigração ilegal. Não disse quantos postos de trabalho estes projectos poderão criar.
Mais de 300 milhões de africanos (42% da população do continente) não têm acesso à água potável. Menos de 20% estão conectados a redes de saneamento. Apenas 8% da população rural do continente tem energia eléctrica. A maioria das telecomunicações entre países africanos tem que passar pela Europa e América, devido à falta redes entre si.
O comissário europeu afirmou que os projectos incluem cláusulas para que os países africanos se comprometam a realizar a manutenção necessária e a obter os fundos para fazer isso, de modo que as obras não fiquem inutilizadas a médio ou longo prazo por causa de uma gestão deficiente.
Entre os projectos previstos está a conclusão dos eixos entre Dakar (Senegal) e Ndjamena (Tchad); Mombaça (Quênia), Lagos (Nigéria) e Nouakchott (Mauritânia); Beira (Moçambique), Lobito (Angola) e Windhoek (Namíbia); e Cartum (Sudão) e Gaberone (Botswana).
Também está incluída a gestão das bacias dos rios Nilo, Zambeze, Congo, Níger e Senegal, e a construção de hidroeléctricas.
Além disso, está prevista a criação de redes regionais de distribuição eléctrica e a promoção da energia fotoeléctrica, apesar do seu alto preço, já que o sol é “uma fonte inesgotável” de luz.
O comissário Michel disse que é necessário melhorar os transportes, já que actualmente o envio de mercadorias é “muito caro”, o que significa “um grande obstáculo” para o comércio e o desenvolvimento económico.
CANAL DE MOÇAMBIQUE - 16.07.2006