“Nós pedimos os registos aos gestores da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, mas a informação que tivemos é que não tinham dados sobre o registo de sismos”, fonte ambiental.
Organizações do meio ambiente em Moçambique acabam de denunciar as repetidas tentativas do
executivo de ocultar os estudos sísmicos relativos ao vale do Zambeze, no centro do país, com objectivo
de obter um “sim” para edificação de M’panda Nkwa.
A unidade Técnica de Implementação de Projectos Hidroeléctricos está a esconder os dados sobre o comportamento sísmico na Hidroeléctrica de Cahora, Bassa, uma das maiores barragens do mundo. Igualmente está a ocultar os estudos de viabilidade de Cahora Bassa Norte e M’panda Nkwa, acusam as organizações ambientais ligadas ao estudo sobre a gestão da água em entrevista ao mediaFAX.
O executivo moçambicano está determinada em levar por diante, o projecto de construção de uma segunda barragem sobre o rico vale do Zambeze, com objectivo central de suprir as suas necessidades internas e da região, em electricidade.
Largos milhões de dólares já foram desembolsados em projectos e estudos de viabilidade com o objectivo de erguer M’panda Nkwa e o programa. está avançar diante da desaprovação das organizações ambientalistas.
“Nós pedimos os registos aos gestores da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, mas a informação que tivemos é que não tinham dados sobre o registo de sismos. Pedimos igualmente, em relação aos estudos para a montagem de M’panda Nkuwa e só tivemos uma parte do dossier”, denunciou ao mediaFAX, uma das vozes mais empenhadas da luta pela salvaguarda da natureza , Anabela Lemos, coordenadora da Justiça Ambiental.
Lemos, disse que a organização que dirige iniciou um processo de estudo sobre o comportamento sísmico na Hidroeléctrica de Cahora Bassa.
Ela voltou a abordar as preocupações pela edificação da barragem de M’panda Nkwa e de Cahora Bassa – Norte, sobre o vale do Zambeze, descrita como de forte actividade sísmica. O governo está a esconder estudos que indicam haver uma actividade sísmica no vale do Zambeze.
De acordo com dados disponíveis o rio Zambeze, o terceiro maior de África, situa-se a sul da falha do Shire, próximo da barreira Núbia – Somália de actividade sísmica.
Os referidos estudos foram produzidos a pedido do governo moçambicano pelo grupo Lahmeyer International, Knight Piesold e Electricité da France, disse a fonte da organização ecológica.
Os estudos compreenderam os aspectos hidrológicos e de geologia. Cobriu também o impacto ambiental e social, engenharia, méritos económicos e financeiros.
O relatório final do estudo de viabilidade foi submetido pelo consórcio internacional à UTIP em Abril de
2002. O referido estudo indicava M’panda Nkwa, como o primeiro projecto planificado de produção de
energia.
É com base no referido estudo que o Governo tem estado a multiplicar-se em esforços com vista a obter financiamento de parceiros externos para construção da barragem.
Uma parte dos fundos para M’panda Nkuwa, já foram assegurados, por um parceiro chinês.
Curiosamente, o estudo não está acessível as organizações ambientalistas.
A falta de acessibilidade do estudo levou a que os ambientalistas, submetessem uma petição à Assembleia da República, queixando-se deste procedimento por parte do executivo.
Ironicamente, a referida petição ainda não obteve resposta do parlamento, lamentam os ambientalistas.
E apesar dos protestos, a prova da determinação do executivo em levar por diante o projecto de M’panda Nkwa foi dada pela Directora Nacional Adjunta de Águas, Olinda de Sousa. A responsável disse que o governo é responsável nas suas acções e “é dentro dessa responsabilidade que realiza os projectos”.
Fernando Mbanze - MEDIA FAX - 20.07.2006