Lisboa, 03 Jul (Lusa) - Uma missão ministerial da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) chega hoje a Timor-Leste para avaliar a situação e identificar formas de ajuda na pacificação do país.
A missão, que vai estar no país até quinta-feira, é dirigida pelo chefe da diplomacia de São Tomé e Príncipe, Carlos Gustavo dos Anjos, cujo país preside actualmente à comunidade que reúne Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Integram também a missão representantes políticos dos vários países da organização, incluindo de Portugal, mas apesar das numerosas tentativas de contacto com o assessor da CPLP, António Ilharco, nos últimos dias, não foi possível saber os nomes dos outros responsáveis que vão a Timor-Leste.
Em declarações à Agência Lusa, na semana passada, Carlos Gustavo dos Anjos afirmou que a comunidade precisa de "dar a mão a um país irmão" e que, enquanto organização, a CPLP "pode contribuir", "com os meios que tem", "para que a situação se acalme e se crie um clima de paz".
O ministro são-tomense acrescentou que se trata de "uma missão exploratória", cujos resultados serão transmitidos aos governos dos Estados membros para que se decida qual o passo seguinte.
Carlos Gustavo dos Anjos disse ainda que, além da sua componente política, a missão integra técnicos que vão avaliar as necessidades de "assistência em áreas específicas como a Justiça ou a Segurança".
O envio de uma missão ministerial a Timor-Leste foi decidido durante uma reunião extraordinária do Conselho de ministros da CPLP que se realizou em Lisboa, sede da organização, a 18 de Julho.
Na altura, o chefe da diplomacia portuguesa, Diogo Freitas do Amaral, entretanto demissionário, destacou a importância que a CPLP deverá assumir no actual processo timorense, nomeadamente através de uma actuação coesa junto das Nações Unidas.
Timor-Leste atravessa actualmente uma profunda crise política e social. A situação nas ruas acalmou nos últimos dias, mas estão ainda em curso contactos políticos para a formação de um novo governo ou, em alternativa, para a dissolução do parlamento e a convocação de eleições antecipadas.
A crise, que começou há vários meses com a deserção de um terço do exército por alegada discriminação da hierarquia, levou à desintegração das forças de defesa e de segurança, à entrada de forças militares e policiais estrangeiras e a uma profunda crise política que opôs o Presidente, Xanana Gusmão, ao primeiro-ministro, Mari Alkatiri.
Alkatiri, eleito em 2001 com 57,37 por cento dos votos, acabou por se demitir do cargo na segunda-feira passada, depois de Xanana ameaçar demitir-se se ele não o fizesse.
Os incidentes mais violentos registaram-se em Abril e Maio, com um saldo de mais de três dezenas de mortos, mas mais de 150.000 pessoas permanecem refugiadas em campos de acolhimento.
MDR/VM.