MOÇAMBIQUE vai enviar esta semana um total de doze observadores para acompanharem as primeiras eleições gerais e multipartidárias na República Democrática do Congo, marcadas para o próximo dia 30 do mês em curso. Segundo revelou, ontem à Imprensa, o Ministro da Defesa Nacional, Tobias Dai, deste efectivo, dez são militares e dois civis e trabalharão integrados na força de observação da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
A decisão de se enviar tal contingente, que irá se juntar aos 100 soldados das Forcas Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) que já se encontram naquele território, enquadra-se nos esforços que os países da SADC estão a desenvolver com vista a apoiar o processo de manutenção de paz naquele país africano, assim como assegurar o sucesso do pleito, o primeiro nos últimos 40 anos. Para além do nosso país, vários outros países da região e não só, vão enviar observadores civis e militares para acompanharem este processo. Assim, a República de Angola vai apoiar este processo com quatro helicópteros que estarão à disposição da Comissão Eleitoral Independente; a República da Namíbia vai pôr à disposição uma aeronave com capacidade para 50 pessoas que irá apoiar os serviços administrativos, e a Tanzania enviará meios de locomoção, nomeadamente bicicletas, motorizadas e carros.
Para além destes meios, estes países e os demais da SADC enviarão para a RD Congo observadores militares e civis, apoio que se juntará ao disponibilizado pela comunidade internacional e pelas Nações Unidas. Para além de meios financeiros e logísticos, alguns destes países despacharam para a RDC, numerosos efectivos de manutenção de paz para garantir segurança no território. De acordo com Tobias Dai, os apoios disponibilizados às autoridades congolesas estão a ser canalizados depois de uma missão ministerial da SADC ter visitado a República Democrática do Congo, entre os dias 13 e 15 do corrente mês, para se inteirar dos preparativos técnicos do processo eleitoral assim como de manutenção de paz. A deslocação, realizada por titulares das pastas da Defesa e dos Negócios Estrangeiros da SADC, visava encorajar as forças políticas locais e os restantes intervenientes no processo a contribuírem para o sucesso da operação.
Nesta missão, a delegação da SADC constatou que apesar de existir estabilidade política e militar na maior parte do território congolês, existem ainda acções de grupos armados que continuam a desestabilizar a região leste do país, criando perturbação e retardando a consolidação do processo de pacificação. Fazendo uma apreciação dos preparativos do pleito, o governante moçambicano assegurou terem sido já criadas as condições básicas para a votação, graças ao empenho demonstrado pela comunidade internacional no apoio ao país. Todavia, Tobias Dai manifestou alguma apreensão face ao comportamento de alguns candidatos à presidência da RD Congo, nas suas iniciativas de campanha eleitoral. "Alguns dos candidatos apresentam manifestações de discriminação étnica e tribal nos seus discursos o que cria um mal-estar que pode gerar violência. Assim, nos encontros que a missão da SADC manteve com todos os concorrentes, foi feito um apelo no sentido de se evitar este tipo de discurso que, como se sabe, pode gerar violência", disse. Para tal, a delegação referiu-se às experiências positivas de pacificação de Angola e Moçambique , como um modelo a ter em conta no continente.
NOTÍCIAS - 19.07.2006