QUANTIDADES não especificadas de (canabis ativa), vulgarmente conhecida por soruma, produzida na província nortenha do Niassa, continuam a ser transportadas clandestinamente para os países vizinhos, nomeadamente Malawi e Tanzania, principais mercados preferidos por traficantes ilegais. A outra parte destina-se ao consumo e fumigação de refúgios de animais ferozes e cobras durante as actividades de prospecção e escavação de ouro na região de Lupilichi, distrito do Lago
A produção, consumo e tráfico de soruma está longe de ser estancada, apesar do Gabinete Provincial de Prevenção e Combate à Droga (GPCD) em coordenação com as autoridades policiais no Niassa estarem a envidar esforço no alargamento das acções de índole preventivo para os distritos através de criação de núcleos antidroga e a formação dos respectivos activistas que desenvolvem acções de sensibilização nas escolas, associações desportivas, juvenis e nas comunidades. Estas actividades têm em vista consciencializar os jovens, grupo-alvo dos traficantes a deixarem estas práticas que não só comprometem o seu futuro bem como minam a sua integração na sociedade.
É neste âmbito que os pais e encarregados de educação, professores e a sociedade civil são chamados para a observância de sinais de aviso e na tomada de medidas para a correcção de problemas relacionados com as drogas. Para o efeito, os professores podem, por exemplo, fornecer abertamente informações sobre os riscos de saúde nas salas de aulas e fora delas assim como na protecção da criança. Com efeito, perto de trinta e oito quilogramas de soruma, foram apreendidos de Janeiro a Junho do ano em curso na província, quantidade considerada reduzida comparativamente a igual período do ano passado, cujos indiciados no envolvimento na produção, tráfico e consumo em número de 55 encontram-se sob custódia policial. No período em referência, segundo avançou o director provincial do GPCD, Salvador Omade, foram desintoxicados em diversas unidades sanitárias da província 16 consumidores que posteriormente foram reintegrados nas suas famílias. Salvador Omade descreveu o consumo de estupefacientes como dramática, sobretudo na camada jovem devido à falta de ocupação profissional o que resulta na prática de crimes violentos, aumento de acidentes de viação, aumento da desistência escolar e contaminação do HIV/SIDA.
Sem avançar dados comparativos, a fonte disse que a quantidade de soruma apreendida este ano baixou, comparativamente a igual período do ano findo devido ao envolvimento das associação femininas na sensibilização sobre as consequências do consumo e tráfico de estupefacientes. "Admitimos a hipótese de a quantidade apreendida vir a subir visto que estamos no período de colheita, o que nos vai permitir a descoberta de mais machambas de soruma abertas no meio de culturas alimentares", frisou Omade, visivelmente esperançado. Os distritos de Lago, Sanga, Lichinga, Majune, Ngaúma e Mandimba figuram na lista dos maiores produtores de soruma a nível do Niassa, devido por um lado à sua proximidade com as fronteiras, e por outra, dada a existência nestes, de muitos produtores.
NOTÍCIAS - 03.07.2006