A Mozambique Leaf Tobacco (MLT), de capitais norte-americanos, vai processar 130 camponeses moçambicanos produtores de tabaco por não reposição de créditos no valor de 1,1 milhões de euros em produtos agrícolas, informou o director da empresa.
Alberto Tomás disse que a dívida resulta do fornecimento pela empresa de fertilizantes, nomeadamente sementes e adubos, usados em várias campanhas agrícolas.
"Como fornecedores desta cultura, entregamos aos camponeses factores de produção agrícola como sementes e adubos em forma de crédito, cujo reembolso deve ser feito durante o processo de comercialização do produto", disse.
Segundo Tomás, "muitos agricultores foram levando os produtos, mas a dado passo deixaram de cumprir com as suas obrigações", resultando em dívidas que ascendem mais de um milhão de euros.
Em consequência, a MLT apresentou uma queixa junto do tribunal distrital de Macanga, em Tete, centro, onde o processo está a seguir os trâmites legais para o julgamento dos camponeses, adiantou.
Recentemente, durante uma visita a Tete do presidente moçambicano, Armando Guebuza, agricultores da província denunciaram a atitude "desonesta" dos funcionários da MLT na classificação do tabaco produzido nos centros de comercialização.
Os camponeses consideraram que o comportamento daqueles funcionários concorria para a difícil obtenção de verbas visando saldar a dívida junto da MLT.
"Estamos a enfrentar problemas sérios com os funcionários da MLT na classificação do tabaco nos centros de comercialização, o que não permite obter dinheiro suficiente para o pagamento dos créditos provenientes da aquisição de fertilizantes e sementes da MTL", disseram.
"Todo tabaco é manipulado na classificação para a última categoria que é a terceira custando 25 cêntimos de euros por quilograma. Isto não é justo, pois o tabaco da primeira que estamos a produzir em grande quantidade custa um euro por quilograma", explicaram.
Na ocasião, a direcção da empresa reconheceu haver pequenas irregularidades na classificação do tabaco nas áreas onde actua na província de Tete, mas assegurou fazer esforços para ultrapassar a situação.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 20.07.2006