LONGE de ter rubricado uma exibição de encher o olho, a Selecção Nacional de Futebol derrotou, ontem, em Seixal, o Benfica de Portugal por 2-1, em jogo de preparação tendo em vista o confronto com o Senegal, no próximo sábado. Os golos foram apontados por Dário Monteiro, aos 38 minutos, e por Paíto, aos 40, enquanto o dos "encarnados" foi da autoria de Anderson, aos 63.
É uma vitória que enche de alegria os moçambicanos, apesar de ter sido num desafio "a feijões", com a turma lusitana desprovida de algumas das suas armas principais, que estão ao serviço das respectivas selecções (Nuno Gomes, Petit, Ricardo Rocha, Mantorras, Quim, entre outros). A partida, que decorreu à porta fechada, por imposição do Benfica, serviu para o técnico moçambicano observar alguns jogadores, visando a formação do onze ideal e da estratégia para o embate de Dacar. Este triunfo constitui, para já, um tónico importante para a elevação do estado de espírito do grupo de trabalho, que precisa de pacificar o balneário para a materialização dos seus objectivos. No final deste ensaio, os jogadores concluíram que fazem parte da mesma família, por isso a união de esforços é um imperativo a conquistar. O encontro decorreu debaixo de uma temperatura alta, mas, mesmo assim, foi notória a entrega dos atletas das duas equipas.
Enquanto o Benfica apostava num 4x4x2, muito combativo, os "Mambas" preferiram ser mais ousados (3x5x3), dando maior competência ao meio-campo - Armando Sá, Nelinho, Macamito, Genito e Paíto - sobretudo no desarme e na organização de jogadas ofensivas. Maior liberdade tinha Dário Monteiro e Tico-Tico. Foi um esquema que experimentou algumas dificuldades em relação à sua execução. Apesar de se defender bem - Mano foi um grande senhor - a equipa não era rápida nos momentos ofensivos, muito por culpa dos flanqueadores Paíto, na esquerda, e Armando Sá, na direita. O manuseamento das jogadas ofensivas não corria da forma como o técnico pretendia. O Benfica fazia bem a circulação da bola, precisão no passe e, por vezes, explorava a velocidade de Nelson, na direita, e de Léo e Miguelito, na esquerda. O conjunto estava com vontade de fazer as coisas com perfeição, mas Manú e João Coimbra não conseguiam furar a defensiva moçambicana, o melhor sector até agora.
CONSISTÊNCIA TÁCTICA
Aos 36 minutos, Luisão enviou a bola à barra transversal de Nelinho. Era o efeito do ataque continuado dos "encarnados". Mas, na resposta, surgia o melhor lance do jogo, arquitectado pelos "Mambas". Tico-Tico lança Paíto em velocidade, este cruza para a área, onde estava Armando Sá, que, por sua vez, tirou Léo e Moreira do caminho. Podia ter marcado, mas optou pelo passe a Dário Monteiro, que marcou com facilidade. O Benfica tentou reagir, só que não encontrou grandes soluções. E, aos 40 minutos, Paíto fez o que mais gosta de fazer: executar livres, e marcou com categoria o segundo golo, a uns bons 40 metros da baliza de Moreira. Era até aqui um resultado meritório para os "Mambas", face à sua consistência táctica, paciência e aproveitamento das oportunidades. No segundo tempo, com várias alterações no conjunto, a qualidade do jogo baixou. Genito ainda tentou levar a equipa para frente, mas o Benfica estava forte e personalizado. Lutou por honrar a sua alma e minimizou a derrota com golo de Anderson (63 m), após um livre cobrado por Paulo Jorge. Foi uma vitória saborosa dos "Mambas", que revelaram, no entanto, falta de mecanização, agressividade na recuperação da bola e rapidez na execução. Sempre que imprimiu velocidade, o Benfica abanou, sobretudo a sua defesa. Mas a confiança começa a morar no seio dos jogadores moçambicanos. Nota positiva para a actuação de Mano, Genito, Tico-Tico, Nando Matola e Nelinho. Todos os jogadores foram utilizados neste ensaio como Benfica.
FICHA TÉCNICA
MOÇAMBIQUE - Nelinho; Nando Matola, Mano e Dário Khan (Simão); Nelinho (Mahomed), Macamito, Paíto (Campira), Genito e Armando Sá (Miro); Tico-Tico (Danito Parruque) e Dário Monteiro (Henning).
BENFICA - Moreira (Moreto); Nelson (Patafta), Anderson, Luisão (Pedro Correia) e Léo (Samy); Beto, Marco Ferreira (Karyaka), Diego (Milan) e Miguelito; Manú (Miguel Víctor) e João Coimbra (Paulo Jorge).
GERVÁSIO DE JESUS, em Lisboa
NOTÍCIAS - 31.08.2006
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