Várias individualidades, dentre eles académicos, estudantes universitários e simples operários dos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM-Centro), sentaram-se à mesma mesa na 6.ª feira última, na cidade da Beira, para evocarem a vida e obra do malogrado engenheiro Luís Maria Alcântara Santos, perecido há 20 anos, no acidente aéreo que também vitimou o primeiro presidente moçambicano, Samora Machel, a 19 de Outubro de 1987, em Mbuzini, na África do Sul.
As instalações dos CFM foram pequenas para acolher as numerosas personalidades que em vida conviveram com Alcântara Santos, tendo os presentes apelidado o finado de “pai dos corredores de desenvolvimento em Moçambique”. Na circunstância não foram poupados elogios àquele que segundo o historial, ocupou vários cargos técnicos e políticos no país, destacando-se na construção da linha-férrea de Limpopo e como ministro dos Transportes e Comunicações.
A memória evocativa do engenheiro Alcântara Santos foi moderada por Luís Bernardo Honuana, que começou por descrever o percurso, vida e obra da figura que se estivesse vivo, teria completado em Julho último 78 anos de idade.
O presidente do Conselho de administração dos CFM, eng. Rui Fonseca e o engenheiro José Alcântara Santos, filho do malogrado, fizeram parte do painel.
Na sua longa dissertação sobre a obra de Alcântara Santos, o Dr. Rui Baltazar, presidente do Conselho Constitucional – um dos presentes – disse que o malogrado tinha uma cumplicidade forjada no trabalho. Por seu turno, Isaias Muhate, ex-ministro dos Transportes e Comunicações, disse ter conhecido o falecido num momento em que o orador era ainda estudante, referiu ter aprendido muita coisa com Alcântara Santos sobretudo o seu comprometimento com o trabalho.
Para Julio Carrilho, ex-ministro das Obras Públicas do tempo de Samora Machel, Alcântara Santos era um estratega que desenhou vários projectos que até hoje estão sendo implementados no país.
Chegada a vez dos operários já reformados dos CFM, os elogios não cessaram. Muitos deles afirmaram que a sua vida teve sentido por causa dos ideais de Alcântara Santos.
Avelino Chauca, que disse ter conhecido o falecido nos longínquos anos 50, referiu que Alcântara Santos sempre se pautou pela humildade no relacionamento com os seus subordinados e apostou na formação dos operários.
(T.L.) - CANAL DE MOÇAMBIQUE - 23.08.2006