A agência de notícias sulafricana, «African News Dimension» (AND), revela que ainda que o balanço dos 34 dias de guerra no Líbano seja de 1.300 civis mortos, os crimes violentos na África do Sul causam, mensalmente, a morte de cerca de 1.566 pessoas, um número que ameaça a estabilidade do País. Johan Burger, um investigador sénior do Instituto para Estudos de Segurança da África do Sul (ISS) para o Programa Crime e Justiça, é citado pelo AND, afirmando que “o índice aceitável de homicídios em todo o mundo é de 5,5 por cada 100.000 habitantes”, mas actualmente, “o índice de homicídios na África do Sul é de 40,3 por cada 100.000 habitantes”.
Entretanto, de acordo com a «African News Dimension», tendo em consideração a este numero, em média, isso significa que “o cidadao sul-africano é oito vezes mais susceptível de ser assassinado violentamente comparativamente com qualquer um outro habitante de uma outra região do mundo”.
Por exemplo, diz o AND, no período Crimes no vizinho pós-eleições, entre os anos 1994 e 1995, “o índice de homicídios na África do Sul foi de 66.9 por cada 100.000 habitantes” e ainda que o número de homicídios tenha reduzido consideravelmente desde o ano de 1995, para Burger “o índice de homicídios na África do Sul ainda está muito acima da media mundial relativamente ao «indice aceitável de homicídios»”.
Burger acrescentou que as estatísticas dos SAPS para homicídios, cobrindo o período de Abril a Março do ano seguinte, revelam que registaram-se na África do Sul entre 2001 e 2002, “um total de 21.405 assassinatos, sendo de 21.553 entre 2002 e 2003, 19.824 entre 2003 e 2004 e finalmente 18.793 entre
2004 e 2005”.
Portanto, nos últimos quatro anos, o número acima descrito perfaz um agregado de 81.575 assassinatos, mas apesar da estratégia nacional do Governo do Presidente Mbek para o combate ao crime, chamada de «Operação Combate ao Crime ou Operation Crackdown na língua inglesa, lançada em Abril de 2000, e que culminou com a detenção de 750.000 criminosos, Johan Burger acredita que a génese da violência ainda não teve a devida abordagem, pois enquanto as pessoas continuarem a olhar somente para a polícia como a solução do problema do crime, “continuarão a descascar a árvore errada”.
Para Burger, “o número execessivo de casos pendentes em tribunal no país também contribui para que muitos casos sejam arquivados, com os criminosos a regressarem a liberdade”, atribuindo a criminalidade na África do Sul a ganância, racismo, políticas e a inúmeros problemas de origem sócio-económico, razão pela qual, segundo ele, “o Governo sul africano precisa de investigar a complexidade
da situação do crime”.
Actualmente, de acordo com Burger, a terra do Madiba Mandela conta com 160.000 agentes da polícia, contra 120.000 em 2001 e que até 2010, ano em que se vai realizar a Copa do Mundo de Futebol “a nossa é possuir 185.000 agentes da polícia”.
VERTICAL - 29.08.2006