«Era para o MPLA uma questão de vida ou de morte»
Luanda - Segundo Joaquim Pinto de Andrade não é descabido dizer o que o MPLA "foi concebido em Tunis no mês de Janeiro de 1960, durante a segunda Conferência dos Países Africanos, e que, depois de curta gestação, o movimento de libertação nacional angolano "nasceu em Junho desse mesmo ano em Conakry".
O resto é tudo mentira estratégica. MPLA não nasceu em 10 de Dezembro de 1956, nem mesmo na rua Higino Aires, nessa casa que estava destinada a acolher o museu do MPLA. Mário de Andrade teve a coragem de desmistificar esse caso, anunciou claramente que nessa altura os nacionalistas angolanos
não tinham alternativa.
Naquele tempo essa mentira era indispensável para a sobrevivência do próprio MPLA. Joaquim Pinto de Andrade é testemunho disso mesmo, "Frequentei essa casa, que era a do Ilídio Machado. Era nessa casa que se reuniam os militantes da MIA, do MINA e do PLUAA, que mais tarde iriam unir-se uns aos outros». Enfim, se ao MPLA lhe apetece continuar a fazer a triste figura da criança que persiste na mentira...que continue e bom proveito tenha disso.
Os 50 anos do MPLA
O MPLA já lançou o programa comemorativo dos seus 50 anos de existência, o que denota uma teimosia fora do vulgar no que diz respeito a uma certa falta de respeito pela realidade.
De resto são alguns dos mais salientes militantes e dirigentes do partido dos camaradas que se espantam com a persistência desta luta inglória contra factos, a propósito da mirífica fundação do MPLA em 1956, do pseudo manifesto, das reuniões na casa da rua Higino Aires.
De facto não é verdade que em 1956 houvesse manifesto do MPLA, Mário de Andrade, numa entrevista dada a Christine Messian confessa, "O que é importante é que, em Dezembro de 1956, havia em boa verdade um manifesto, e também um partido que tinha a obrigação de estar na brecha de uma frente
nacionalista: o Partido Comunista Angolano».
E explicava, "É preciso ver que nessa altura não estávamos a escrever um livro de história, travávamos uma luta política, e é nesse quadro que se deve colocar o que dissemos. Nunca, verdadeiramente, mentimos, mas não dissemos a verdade. Era preciso levar em conta todos os problemas que tínhamos nessa altura com a UPA. Dizer que o MPLA existia, que havia uma organização responsável em Angola, era para o MPLA uma questão de vida ou de morte".
Quer dizer, MPLA só mais tarde, mas qual quê, os camaradas de hoje continuam a apregoar uma mentira que sem sombra de dúvida a História de Angola rejeitará definitivamente dentro de muito pouco tempo.
Folha8
NOTA:
Lá, como cá...
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE