NIASSA é uma das províncias mais extensas do país, senão mesmo a mais extensa. Paradoxalmente, a menos povoada. A sua população é muito dispersa. E, para a assistir, nos mais variados domínios, exige-se uma atenção especial. Que o diga o governador Arnaldo Bimbe, à frente dos destinos da província há cerca de dois anos. E um dos grandes desafios para este efeito é a reabilitação das vias de acesso. Trabalho que, aliás, já está em curso. Está em curso também a extensão da rede de abastecimento de água. A rede escolar e sanitária estendem-se em cada dia que passa para lugares mais recônditos. A virgindade turística começa a ser desflorada com a atracção de muitos investimentos para o sector. As autoridades locais, personificadas por Bimbe proclamam aos quatro ventos que se enganam os que pensam que Niassa é província de desterro. Até porque Niassa é parte bem integrante deste Moçambique.
Niassa situa-se na zona norte do país, com as seguintes fronteiras: a norte, a República Unida da Tanzania; a sul, a República do Malawi e a província da Zambézia; a este, as províncias de Cabo Delgado e Nampula; e a oeste, o lago Niassa. Tem uma superfície de 120.466 quilómetros quadrados, sendo, por consequência, a mais extensa do país. A população é estimada em 1.027.037 habitantes, com uma densidade populacional de 8.5 habitantes por Km2. Segundo o inquérito demográfico de 2003 a taxa de mortalidade infantil é de 140/1000, contra 134 em 1997. A taxa de fecundidade é a mais alta do país, situando-se em 7,2 crianças/mulher. Muito recentemente, o "Notícias" esteve no Niassa, onde percorreu vários distritos para ver de perto os esforços desenvolvidos tendentes à melhoria das condições de vida da população. E, no fim, conversou com Arnaldo Bimbe, que se mostrou satisfeito com o grau de execução do programa quinquenal do Governo, chegando mesmo a afirmar que em Niassa já não há fome. Transcrevemos, de seguida, as partes mais significativas da referida conversa:
"Notícias" (N) - Num passado recente, Niassa foi considerada a província de desterro. Ao que nos parece, a situação evoluiu bastante...
Arnaldo Bimbe (AB) - Devo dizer que estamos na província mais extensa do país, menos povoada, pobre sim, mas não muito pobre e não no desterro. Niassa possui recursos para se desenvolver. Os nossos celeiros estão a abarrotar de milho, o que nos permite dizer que já não há fome nesta província. Niassa possui um potencial turístico elevado. É rico em recursos florestais e faunísticos. O nosso esforço reside em potenciar a área do turismo para que contribua nos esforços de combate à pobreza. Temos a reserva do Niassa, que conserva várias espécies animais, não obstante a existência de operadores furtivos. Temos alguns apoios para a preservação do lago Niassa e temos espaço suficiente para que os operadores nacionais e estrangeiros venham desenvolver a província. Em Lupilichi, temos algumas reservas de ouro. Mas faltam-nos agentes económicos para explorar todas estas riquezas. A nossa grande aposta é o desenvolvimento com base nos recursos de que dispomos. Enganam-se os que pensam que esta é uma província de desterro.
NOTÍCIAS -21.08.2006
