Maputo – Uma reunião de avaliação do projecto media/ Unesco foi marcada por um boicote quase total dos seus beneficiários e outros actores, num gesto de censura ao desempenho do projecto, que custou cerca de 11 milhões de dólares.
A maior parte dos fundos foram desembolsados pelos contribuintes dos países nórdicos.
A implementação do projecto media/Unesco que começou de forma faseada em 1993, não atingiu os objectivos programados, de fortalecer a chamada media independente, um dos pilares da democracia multipartidária no país.
O encontro de avaliação que decorreuna terça-feira, numa das unidades hoteleiras de Maputo, foi ignorado pela maioria dos representantes das empresas jornalísticas, revelador do descrédito que
mergulhou o projecto.
Menos de meia dúzia de participantes respondeu à solicitação da KPMG, Projecto media avaliação empresa de Consultoria e Auditoria, contratada para fazer a avaliação final do projecto e reunir com as partes beneficiárias.
O encontro tinha entre outros objectivos, buscar percepções e subsídios, daquilo que foi o projecto.
Um dos participantes presentes ao encontro, desabafou nos seguintes termos: “percorremos o país, mas só encontramos papéis e muito pouco em termos de acções práticas resultantes do projecto”.
Estas declarações revelam o fracasso do projecto media/Unesco, cujo objectivo-mãe era a instalação de gráficas para produção de jornais, nas três regiões, sul, centro e norte do país.
Ironicamente, nenhuma destas gráficas foram montadas. E valeu o argumento dos implementadores do
projecto, de privilegiar a multiplicação das rádios comunitárias pelo país e outros apoios a rádio nacional (RM).
Apoio localizado foi igualmente dispensado a imprensa escrita privada .
Mas quais as razões que levaram a esta ausência total dos participantes? Um dos representantes das empresas jornalística, que faltou ao encontro, comentou ao mediaFAX, que já não faz sentido ir sentar para conferenciar sobre um projecto falhado. O projecto media/ Unesco obedeceu a uma distribuição
desregrada de fundos, pondo de parte a principal função do projecto”, acrescentou.
O antigo Director Geral da Unseco, o espanhol Frederico Mayor, durante a sua visita a Moçambiue, referiu-se a este projecto como decisivo para fortalecer a emergente democracia moçambicana.
Infelizmente, o projecto não passou de mais um sonho.
O projecto termina oficialmente em Setembro deste ano. E os resultados da avaliação serão posteriormente submetidos aos parceiros externos, para decisão da sua continuação ou não do projecto.
MEDIAFAX - 16.08.2006