As primeiras provas da existência de palancas negras gigantes no Parque Nacional de Cangandala foram apresentadas em Malange, pondo fim às dúvidas sobre a sobrevivência desta subespécie única de antílope, que apenas existe naquela região de Angola.
Ao fim de mais de um ano de intensas buscas, a equipa liderada por Pedro Vaz Pinto, do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola, conseguiu obter fotografias e análises de DNA que provam, sem margem para dúvidas, que as palancas negras gigantes não estão extintas em Cangandala.
O conjunto de fotografias apresentado mostra uma manada com mais de uma dezena de elementos, entre fêmeas, crias e jovens machos, a pastar tranquilamente numa zona do Parque Nacional de Cangandala.
A última fotografia de uma palanca negra gigante datava de 1982, não tendo sido possível desde essa altura provar que estes animais ainda permaneciam naquela região, o que levou a recear pela sua extinção.
A existência de palancas negras gigantes ficou também provada com os resultados das análises de DNA realizadas a excrementos e pêlos encontrados no Parque de Cangandala, cinco dos quais foram cientificamente comprovados que pertencem a palancas negras gigantes.
As fotografias e os vestígios dos animais foram recolhidos no final de Fevereiro durante uma expedição ao Parque Nacional de Cangandala, realizada no âmbito de um projecto científico lançado pela Universidade Católica de Angola, em parceria com o Governo Provincial de Malange.
Durante a expedição, em que foram percorridos mais de duas dezenas de quilómetros a pé pelos trilhos do parque, foi possível observar inúmeras pegadas e rastosatribuídos às palancas negras gigantes, uma subespécie única de antílope, de chifres excepcionalmente longos e encurvados para trás, que apenas existe nesta região de Angola. As palancas negras gigantes são um dos símbolos do país, o que explica que os jogadores da selecção nacional de futebol sejam conhecidos como os "palancas negras" e que este animal viaje pelo mundo pintado nos aviões da companhia aérea nacional TAAG.
Para esclarecer se a espécie ainda existia, o projecto da Universidade Católica de Angola e do Governo Provincial de Malange promoveu várias expedições pedestres pela área do parque, além de ter instalado máquinas fotográficas automáticas em zonas onde se admitia que os animais se pudessem encontrar.
O projecto, que conta com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), da Fundação Kissama e da Juventude Ecológica de Angola (JEA), envolveu também a criação dos "Pastores das Palancas", um grupo de duas dezenas de habitantes de aldeias das imediações do parque que percorrem diariamente os trilhos em busca de indícios da existência das palancas negras gigantes. As dificuldades sentidas para encontrar as palancas negras gigantes são explicadas pelo facto de se tratar de animais tradicionalmente sensíveis à presença humana, que se encontram extremamente assustados devido ao conflito armado que assolou a região e à perseguição dos caçadores furtivos.
A palanca negra gigante foi descoberta em 1909, causando grande agitação na comunidade científica, que considerou extraordinário que um animal com características tão especiais ainda permanecesse escondido nas matas do interior de Angola.
A raridade deste animal e as suas características únicas fazem com que esteja incluído, desde 1933, nas listas internacionais de espécies sob protecção absoluta.
In Angola Acontece
EM TEMPO:
“O projecto de conservação da palanca negra gigante, que está a ser desenvolvido em Angola pelo Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica, venceu o Whitley Award 2006, um dos mais prestigiados na área da protecção ambiental.
O prémio [de 30 mil libras], uma iniciativa do Whitley Fund for Nature (WFN), foi entregue quarta-feira à noite, numa cerimónia realizada na Real Sociedade de Geografia de Londres.
O projecto angolano era um dos dez finalistas deste prémio, tendo sido seleccionado entre mais de 160 candidaturas de todo o mundo.”
LUSA - 11.05.2006