O DEPUTADO da Assembleia da República pela bancada da Renamo-União Eleitoral (RUE), Rui de Sousa, negou as acusações do comandante distrital da PRM em Chemba, Samuel João Mangwe, segundo as quais teria há dias ameaçado, com recurso à arma de fogo, o régulo Calamo alegadamente por este ter apreendido algumas bicicletas pertencentes aos membros da "perdiz" que não queriam pagar as devidas licenças.
Maputo, Segunda-Feira, 28 de Agosto de 2006:: Notícias
Numa entrevista concedida ao nosso Jornal para reagir ao facto, Rui de Sousa confirmou que trabalhou entre os dias 10 e 13 de Agosto corrente naquele distrito na companhia do seu colega Francisco Maínguè, pelo círculo eleitoral de Sofala. Na ocasião, Rui de Sousa afirmou existirem registos sobre muitos casos de tortura no distrito, particularmente perpetrados por elementos do policiamento comunitário que, segundo ele, são orientados pelo régulo Calamo. A fonte disse ainda que das duas vezes que realizou encontros populares em Calamo, isto é, nos dias 11 e 12 de Agosto, o líder tradicional mandou prender alguns elementos da Renamo que participaram do evento. Não só, segundo ele, recolheu as suas bicicletas, um acto que aconteceu no período nocturno.
Rui de Sousa foi mais longe ao afirmar que a sede do partido Frelimo anexa à residência do régulo servia de cela para encarcerar os membros recolhidos. Anotou que esta e outras infracções foram prontamente reportadas às autoridades policiais. Tais factos, segundo ele, não tiveram sucesso porque o chefe das Operações do Comando Distrital, identificado apenas por Braga, estava por detrás de todas as ilegalidades. Aliás, referiu que os "comunitários" chegaram mesmo a espancar algumas pessoas na noite do dia 12, facto que fez com que os parlamentares fossem ao encontro da PRM para intervirem. Mas, no local, os mentores confessaram que "o chefe Braga é que mandou fazer isso".
Rui de Sousa disse que, para o cúmulo, ao invés de serem os prevaricadores a serem penalizados, o chefe das Operações tratou de repreender as vítimas. "Há federalismo em Chemba protagonizado pelo chefe das Operações e pelo próprio administrador Jorge Daúl, que não deixam os partidos políticos exercerem as suas funções livremente. Muitos mastros foram destruídos em várias sedes a mando do administrador", anotou. A fonte disse estar na posse de muitos instrumentos contundentes usados para torturar elementos da Renamo. Sublinhou que o próprio comandante distrital tem, por vezes, facultado fardamento policial aos membros do policiamento comunitário. "Temos provas disto e vamos levá-las ao tribunal", ajuntou.