Em Nampula
-Anteprojecto sobre matéria foi debatido anteontem
Participantes ao debate do anteprojecto sobre a institucionalização de aborto em Moçambique rejeitaram anteontem, Quartafeira, a legalização daquela prática, defendendo que iria aumentar o índice da prostitruição, pondo abaixo os esforços envidados tendentes a combater o flagelo do HIV/ SIDA ora em vigor.
O encontro organizado pela Direcção Provincial de Saúde em Parceria com a da Mulher e Acção Social,
reuniu 120 pessoas, representando diversos extratos sociais, a destacar praticantes de medicina tradicional, líderes comunitários, secretários dos bairros, pessoal de saúde e funcionários das instituições do Estado.
No decorrer do debate, os presentes reijeitaram de forma categórica a institucionalização, pois, no seu entender o país não está em condições de suportar o elevado número de casos que se registam no dia a dia e que a possível luz verde implicaria trazer mortes entre as mulheres.
Uma interlocutora de nome Cecília Alberto, disse que apesar de tudo, o aborto é frequentemente praticado muito em particular entre o pessoal de saúde, que devido à ganância ao dinheiro tem vindo a fazer aborto na clandestinidade apesar da lei interditar.
Tenho casos de pessoas conhecidas que vieram pedir socorro porque no hospital a enfermeira não conseguiu tirar tudo. São pessoas até que roubam o material da instituição para ganharem dinheiro fora. Lamentou aquela cidadã algo transtornada.
No entanto, o director provcincial de saúde, Flávio Wate, falando na condição de médico, disse ao Wamphula-Fax que a futura lei devia contemplar casos especiais, aqueles que visam salvar a vida parturiente.
Estou contra o aborto, como cristão, mas na minha profissão de médico, tenho me deparado com casos
em que a mulher está em extremo perigo, aí a lei devia despenalizar pois, salva-se uma vida. Defendeu
Wate, afirmando que em Nampula houve casos em que alguns funcionários de saúde foram condendados por praticarem aborto à revelia da lei.
Note-se que a lei vigente no país sobre a proibição do aborto, data de 1886 e é considerada inadequada para o momento actual. Alias, depois de consultada a sociedade civil, o presente anteprojecto, será submetida à Assembleia da República para a sua aprovação.
WAMPHULAFAX - 18.08.2006