Fez um ano em Julho que parti em missão para Moçambique, onde permaneci durante um ano.
Regressei a Portugal, à minha família, que, como eu, aceitou o sacrifício da separação.
Foi um ano em que aprendi muito.
É ver a alegria permanente daquele povo.
O sorriso rasgado, como se diz, de orelha a orelha.
O tá tá das crianças que ainda não vemos e já nos estão a saudar. Uma maravilha.
A aceitação daquilo que têm, ou que não têm.
As dificuldades financeiras que são uma constante e que por vezes os leva a passarem fome.
O desemprego que, na zona onde estive, ronda os 90%.
Uma lição permanente de humildade, de aceitação e de resignação.
E que dizer mais!
Fiz individualmente a despedida de todos os que vão à missão. São cerca de 130 Moçambicanos. O que deles ouvi! Foi um encanto.
A despedida comum foi de que “estamos juntos” o que significa que mesmo indo regressar a Portugal é como se continuássemos juntos em Moçambique.
À comunidade missionária deixei escrita a seguinte impressão da minha missão:
“A minha permanência nos Sacerdotes do Coração de Jesus, mais conhecido por Centro Polivalente Leão Dehon, no Gurúè, foi alternada com momentos de maior satisfação e outros nem tanto.
Tinha como objectivo específico a informatização do armazém, trabalho que não ficou concluído, constituindo este acontecimento a minha menor satisfação.
Ficou contudo garantido o registo de entrada e saída dos produtos, continuando a restante informatização em melhor oportunidade.
Do que me deu maior satisfação, saliento a reorganização dos serviços de contabilidade e a formação em Word, Excel e Contabilidade geral.
Dois alunos, que arranjaram trabalho em virtude de terem frequentado os cursos, igualmente me deram contentamento, não só pelo trabalho em si, mas porque me agradeceram instantemente.
Gostei da simplicidade destas gentes, do sorriso aberto de orelha a orelha, do tá tá das crianças, enfim, que mais hei-de dizer?
Quanto à comunidade Dehoniana com quem convivi, de 19 de Julho de 2005 a 15 de Julho de 2006, devo salientar que sempre a notei atenta às nossas necessidades, satisfazendo-as, por vezes, certamente quando podiam. Outrossim, destaco o acudir prontamente à grande maioria dos nossos pedidos.
Tal-qualmente louvo a iniciativa de terem experimentado e prolongado uma reunião mensal com todos os voluntários e comunidade religiosa visando a melhoria do funcionamento da “nossa” casa.
Bem hajam por tudo.”
E assim foi que passou um ano.
João José Pereira da Silva Antunes
2006-09-18
Recorde:
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2006/08/misso_de_nossa_.html