O SISTEMA ferroviário do "Corredor de Nacala", que liga Moçambique ao Malawi, está sendo alvo de actos de vandalismo, perpetrados por desconhecidos, de há algum tempo para cá, à calada da noite.
Maputo, Quarta-Feira, 27 de Setembro de 2006:: Notícias
Os sabotadores retiram os constituintes da linha férrea para posterior colocação no mercado de venda de sucata, pondo em perigo a circulação de comboios.
O facto foi revelado há dias por Filipe Nhussi, director regional norte dos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), representante do Estado no consórcio privado Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN), que gere aquele sistema ferro-portuário de Nacala.
Filipe Nhussi precisou que os actos de sabotagem ocorrem com frequência nos distritos de Monapo e Meconta, no troço que liga as cidades de Nampula e Nacala-Porto, tendo esclarecido que desconhecidos retiram chapins que asseguram a ligação entre os carris e as travessas, o que poderá causar acidentes ferroviários de proporções incomensuráveis.
Nas suas investidas, os criminosos, munidos de armas brancas, intimidam os guardas das instalações das estações dos CFM para atingirem os seus intentos. Entretanto, Filipe Nhussi denunciou o comportamento aparentemente cúmplice de agentes da Polícia da República de Moçambique afectos ao Comando Distrital de Meconta. "Denunciámos ao Comando da PRM em Meconta quatro indivíduos residentes na vila de Namialo que estão envolvidos no roubo de material ferroso da ferrovia, ocorrido recentemente, mas a corporação pura e simplesmente nos tem ignorado e os implicados passeiam impunes", disse.
Não se trata da primeira vez que se registam casos de vandalização da linha férrea do norte. Os primeiros casos registados em Namialo foram julgados e os implicados condenados pelo Tribunal Distrital de Meconta.
Os actos de vandalismo atingem ainda a pedreira de Namialo, também pertença dos CFM, onde, recentemente, indivíduos desconhecidos e munidos de armas brancas ameaçaram de morte os guardas e levaram consigo quantidades significativas de explosivos.
Segundo a fonte, concorre para os actos de vandalismo a falta de manutenção daquele sistema, considerado um dos melhores de África Austral, por parte do actual gestor privado. Filipe Nhussi garantiu que existe em Namialo um depósito contendo todo o material necessário para a manutenção da ferrovia. No entanto, o CDN não o solicita, alegando que os custos de aluguer do material são bastante elevados.
Um vídeo exibido na XIII Sessão Ordinária do Governo Provincial, realizada há dias, mostra o estado lastimoso em que alguns troços daquele ferrovia se encontra.
Filipe Paúnde, governador de Nampula, recomendou ao Comando Provincial da PRM para encetar perseguição aos implicados nos actos de sabotagem. Apelou ainda ao CDN a reabrir as estações de Namialo e Monapo, que se encontram ainda encerradas, para facilitar a vida dos utentes e, igualmente, começar a fazer projecções para a retomada do transporte de passageiros no troço Nacala/Nampula.
Referiu, igualmente, a necessidade de remover as barreiras que alegadamente têm sido impostas aos agentes económicos nacionais quando solicitam a disponibilização de vagões para o escoamento dos seus produtos manufacturados para diferentes mercados.