As autoridades policiais abortaram na madrugada do passado dia 25 do mês em curso a terceira tentativa de fuga, no espaço de seis meses, de Aníbal António dos Santos Júnior (Anibalzinho), condenado a 29 anos, 11 meses e 25 dias de prisão maior, pelo seu provado envolvimento no assassinato do jornalista e editor do jornal `Metical´, Carlos Cardoso.
Anibalzinho foi descoberto cerca das 2 horas da madrugada daquele dia, quando, usando um pé de cabra, furava uma das paredes da sua cela para fugir.
Segundo Abílio Quive, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) na cidade de Maputo, a descoberta aconteceu quando, violentando a parede da sua cela, localizada no primeiro andar, caíram alguns pedaços de pedra (bloco) junto da equipa de polícias que estava de serviço naquela noite. Com vista a se inteirar do que se estava a passar, os guardas subiram e confirmaram tratar-se do recluso que, num empenhado esforço, procurava abrir uma brecha numa das paredes, por forma a se escapulir.
Da revista efectuada, segundo Quive, foi possível recuperar, para além do pé de cabra, mais 12 folhas de serra e quatro chaves de fenda, materiais que Anibalzinho estava a usar para abrir o buraco.
Conforme explicou, os instrumentos nunca chegaram a ser detectados das várias vezes que as equipas de vistoria passaram pela cela do recluso.
A não descoberta dos materiais, de acordo com a nossa fonte, foi porque os mesmos estavam escondidos dentro da parede da casa de banho, onde, num dos pontos, Anibalzinho retirou parte do azulejo para criar o esconderijo.
Refira-se que a 17 de Março, naquela que constituíu a sua primeira tentativa de se evadir, a Polícia apreendeu na cela de Anibalzinho instrumentos que alguns dos familiares haviam introduzido na cesta em que lhe levavam a refeição diária. Tratava-se de chaves de fendas escondidas num pequeno rádio portátil.
Mais tarde, uma embalagem de Omo de 500 gramas iria fazer passar dois tubos de cola-tudo e um frasco de pomada para sapatos de cor preta. Com a chave de fenda pretendia-se danificar, aos poucos, a grade e, em seguida, untá-la com a cola, pintando os ferros com a pomada preta por forma a ocultar que ela (a grade) fora já inutilizada.
Os instrumentos cortantes haviam passado pelos primeiros homens de segurança que controlam o acesso de pessoas e bens, sendo depois descobertos na última triagem, onde a revista é feita com maior minúncia. A segunda tentativa de fuga viria a ser abortada no dia 12 de Abril, quando os guardas que velam pela segurança do edifício onde se localizam as celas descobriram um varão das grades de uma das janelas, com mais de 20 milímetros de espessura, já serrada.
Esta tentativa de fuga ocorreu quando na cidade chovia intensamente. Apercebendo-se do ruído, a equipa de segurança ficou na dúvida se se tratava de chuva ou uma acção de corte das grades pelo recluso, facto que só ficou esclarecido de seguida, quando a equipa se aproximou do local.
Na vasculha feita a seguir, a Polícia apreendeu junto das celas, mais concretamente na sanita da casa de banho interior do compartimento prisional, diverso material cortante que supostamente fazia parte dos instrumentos usados pelo recluso para serrar as grades.
Mesmo com a descoberta da terceira tentativa de fuga, a corporação continua a não encontrar explicações para as sucessivas insistências de introdução de material cortante com vista a facilitar a fuga do detido, visto que criou uma força especificamente virada para o controlo da cela...
NOTÍCIAS - 27.09.2006