" creio eu e com muito optimismo que Moçambique vai ser aceite, a não ser que apareça uma coisa de ultima hora", Henrique Banze, vice- ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação
Por Fernando Mbanze, em Bucareste
(Bucareste) - A admissão de Moçambique ao clube da Francofonia (OIF) está tremida, alegadamente devido à entrada tardia do pedido oficial de adesão ao fórum que hoje, quinta-feira começa em Bucareste a sua 11ª cimeira de Chefes de Estado e de Governo.
Moçambique faz-se representar no encontro ao mais alto nível, pelo Chefe de Estado, Armando Guebuza, que desembarcou na tarde de quarta-feira na capital romena. É a primeira vez, que Guebuza participa numa cimeira do género desde a sua subida ao poder em Fevereiro de 2005.
As autoridades moçambicanas haviam solicitado a sua adesão à Organização Internacional de Francofonia, instituição formada por 63 países, quase na sua maioria de expressão francesa, e espera-se que no encontro que começa hoje, o país receba luz verde da sua adesão formal à organização, com o estatuto de observador.
Apesar desta contrariedade de submissão tardia dos documentos de adesão, reina optimismo entre a delegação governamental, que o país seja admitido nesta cimeira.
" Creio eu e com muito optimismo que Moçambique vai ser aceite, a não ser que apareça uma coisa de última hora", vaticinou Henrique Banze, vice-ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, e membro da delegação presidencial no evento.
A OIF é formado por países membros observadores, associados e de pleno direito. Caso Moçambique seja admitido ela vai receber o estatuto de observador.
O pedido de Moçambique foi objecto de uma análise rigorosa seguido de debate na tarde de terça-feira em Bucareste, pelos ministros dos Negócios Estrangeiros e Cooperação da Francofonia, mas sem consenso sobre a entrada do país.
Os responsáveis pela diplomacia dos países membros da OIF divergiram sobre a adesão de Moçambique, e de outros países que submeteram as suas candidaturas de adesão a organização, soube mediaFAX no local.
Os outros pedidos são do Egipto e do Sudão. Contudo, a decisão final sobre a aceitação ou rejeição do pedido de Moçambique, deverá chancelada pelos chefes de Estado e de Governo da OIF.
Em Junho, Moçambique recebeu apoio do presidente francês, Jacques Chirac
para a sua adesão à OIF.
Caso a resposta seja negativa, Moçambique poderá ver a sua candidatura adiada por dois anos, provavelmente, para a próxima cimeira da OIF. A cimeira que começa hoje deverá decidir a data e o local da próxima conferência. O Canadá aparece como um dos potenciais candidatos a acolher a próxima cimeira.
Inversamente à situação de Moçambique, os chefes da diplomacia da OIF acordaram sobre a adesão da Albânia, do principado de Andorra e da Grécia como membros de pleno direito da organização.
Igualmente decidiram favoravelmente em relação a admissão do Chipre, como membro associado. A Ucrânia e a Servia deverão ser admitidos como membros observadores.
Enquanto isso, a candidatura da Tailândia foi suspensa, como resultado da tensa situação política, provocado por um golpe de Estado, sem derramamento de sangue.
Apesar do nervosismo que marca a candidatura de Moçambique, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Henrique Banze, disse acreditar na entrada do pais como membro observador da organização.
"Como se sabe, eles abriram as portas no sentido de outros países não falantes do francês fazerem parte desta organização. Nós chegámos neste estagio e, creio eu e com muito optimismo que Moçambique vai ser aceite, a não ser que apareça uma coisa de última hora", prognosticou Banze.
"Mas, verdadeiramente eu creio que seremos aceites. Há muitos países que não tem o francês como língua oficial, mas foram naturalmente aceites, como
membros da organização", afastou Banze, a questão da língua francesa, como condição sine qua non para a adesão.
Moçambique possui a língua francesa no seu currículo escolar. Uma das condições chaves estabelecidas pela OIF, é a obrigatoriedade dos países membros de fazerem a promoção da língua francesa.
"Moçambique está a desenvolver esta condição há bastante tempo", proclamou Banze. Quase um milhar de jornalistas está acreditada em Bucareste, para fazer a cobertura do evento, que decorre sobre apertadas condições de segurança . Em cada 100 metros é visível uma brigada policial. Os bares do
centro da cidade de Bucareste foram interditos à venda de bebidas alcoólicas, até domingo, pouco depois do fim da cimeira. (FM/redacção)
MEDIAFAX - 28.09.2006