O Presidente da República, Armando Guebuza e o ex-presidente norte-americano, Bill Clinton, debateram ontem, em Nova Iorque, situações relacionadas com a pobreza absoluta e o vírus do HIV/SIDA que afectam milhões de pessoas no mundo, incluindo no nosso país.
O encontro surgiu no quadro da Iniciativa Global de Bill Clinton nesta perspectiva. Trata-se da segunda vez que Clinton organiza um encontro desta natureza, com idêntico objectivo. O primeiro aconteceu no ano passado.
O debate aconteceu à margem da 61ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, que decorre desde terça-feira na sede da ONU, onde estão reunidos chefes de Estado e de Governo de todo o mundo.
Ontem, os trabalhos continuaram em sessão plenária, com a intervenção de chefes de Estado e de Governo, cuja maioria vira as suas atenções para o estabelecimento de uma ordem mundial mais justa, sem conflitos e comprometida com o desenvolvimento.
A 61ª sessão da ONU decorre sob o lema: `Parceria Global para o Desenvolvimento´. Porém, para além do debate integrado neste tema geral, estão a ter lugar encontros de diversa natureza, num dos quais participou o Ministro da Indústria e Comércio, António Fernando. Tratou-se de uma conferência que visava fazer uma avaliação do plano de acção estabelecido em 2001, em Bruxelas, sobre formas de reduzir a pobreza e estabelecer um plano válido por 10 anos.
Segundo António Fernando, o encontro de Nova Iorque analisou os avanços e constrangimentos, tendo verificado que os países em vias de desenvolvimento, como Moçambique, estão a cumprir o que se estabeleceu em Bruxelas. Aliás, no contexto dos esforços de redução da pobreza, o nosso país está a investir na Educação e infra-estruturas, enquanto que na área do género já há sinais de resultados positivos, pois existe uma grande componente de mulheres em posição de governação e não só.
Entretanto, segundo o ministro, verifica-se que o financiamento para as economias dos países em desenvolvimento ainda é baixo, o que significa que o que os parceiros internacionais estão a dar em termos financeiros é exíguo. António Fernando explicou também que os países ricos ainda mantêm os subsídios à exportação na agricultura, o que cria dificuldades para que os produtos dos países pobres possam entrar facilmente no mercado.
Segundo o governante moçambicano, ficou acordado que deve haver maior enfoque no apoio aos paíeses em desenvolvimento, de modo a que consigam alcançar as metas estabelecidas. Moçambique, segundo o ministro, sublinhou no encontro a necessidade da eliminação dos subsídios à exportação. Por exemplo, o país pretende que o algodão seja vendido a preços mais favoráveis no mercado internacional. `É um processo lento, mas acreditamos que isso vai acontecer, pois um dia os nossos parceiros vão compreender esta necessidade. Até porque em Hong Kong houve já uma promessa de os países desenvolvidos cortarem estes subsídios de exportação. Infelizmente, a Ronda de Doha fracassou, mas insistimos no sentido de se respeitarem os ganhos já alcançados, quando se reiniciarem as conversações´, explicou António Fernando.
Quanto à exportação do açúcar, Moçambique precisa de produzir a custos mais baixos, com mais eficiência, para poder colocar a sua produção a um preço mais significativo no mercado internacional. Trata-se de uma aposta cujos resultados dependem muito do investimento nesta área. Entretanto, Moçambique participou também num encontro sobre questões de migração e desenvolvimento, em que esteve presente o Vice-Ministro do Interior, José Mandra.
Os trabalhos 61ª sessão da Assembleia Geral da ONU prolongam-se até Dezembro, altura em que Kofi Annan cessa as suas funções de Secretário-Geral.
Hoje, o presidente Guebuza, deverá intervir no encontro, como sexto orador do dia, dando a sua contribuição no tema geral `Parceria Global para o Desenvolvimento´.
NOTÍCIAS - 21.09.2006