- dizem “analistas”, segundo website da «Lusa» em Brasília
“O facto de a Frelimo governar sozinha desde 1975 «gerou uma cultura de impunidade, em que os funcionários do governo/partido geralmente não são punidos nem pelos tribunais nem em escrutínios eleitorais pela má governação ou pelo comportamento corrupto»”
“A liderança do principal partido da oposição está a ser lenta na reedificação do partido, depois da pesada derrota que sofreu nas eleições gerais de 2004. É tempo de a Renamo se reerguer e arregaçar as mangas para enfrentar o novo ciclo eleitoral, que se inicia no próximo ano, com as eleições provinciais” - António Gaspar, especialista em questões de Paz e Resolução de Conflitos
Maputo (Canal de Moçambique) – Da Agência noticiosa portuguesa «Lusa», mais propriamente da sua redacção em Brasília, do seu «website» (portal brasileiro) extraímos a notícia que passamos a citar na integra, com a devida vénia:
Mais de uma década após a introdução do multipartidarismo em Moçambique, aumentam os receios de que o país caminhe para um regime de partido único, com a Frelimo no poder desde a independência do país do colonialismo português, em 1975.
Esta é a leitura que analistas e organizações internacionais fazem da actual situação política em Moçambique, reforçada neste sábado com a divulgação de um relatório da organização suíça «Swiss Peace».
Os aparentes sinais de retrocesso já haviam sido diagnosticados em relatórios da Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID), em Junho, e da Cooperação Britânica para o Desenvolvimento Internacional (DFID), na semana passada.
A mesma preocupação também tem sido expressa por analistas moçambicanos, que alertam para o risco do pretenso marasmo do partido de oposição, Renamo, poder levar a uma hegemonia da Frelimo.
Este ano, a Frelimo elegeu Armando Guebuza como presidente e obteve 160 cadeiras no Parlamento, contra 90 da Renamo - que viu seu líder, Afonso Dhlakama, ser derrotado pela terceira vez consecutiva nas presidenciais.
Estudos
Em seu estudo, a «Swiss Peace» adverte que o actual chefe de Estado, Armando Guebuza, e seu governo “Parecem estar apostando num cenário em que a Frelimo esteja firmemente no controle da situação e a oposição seja dividida e enfraquecida”.
Também o relatório produzido pelo DFID apresenta um cenário pouco animador em relação à democracia moçambicana, considerando que o Estado é controlado por “uma oligarquia da Frelimo”. A entidade refere-se à oposição moçambicana como “inoperante e em colapso”, permitindo a politização do Estado pelo partido governista, inclusive do Poder Judiciário.
As mesmas fragilidades foram denunciadas pelo USAID, que observaram que o facto de a Frelimo governar sozinha desde 1975 “gerou uma cultura de impunidade, em que os funcionários do governo/partido geralmente não são punidos nem pelos tribunais nem em escrutínios eleitorais pela má governação ou pelo comportamento corrupto”.
Crise na oposição
Em declarações à Agência Lusa, António Gaspar, especialista em questões de Paz e Resolução de Conflitos, afastou o risco de monopartidarização, mas alertou para os sintomas de crise na Renamo. “A liderança do principal partido da oposição está a ser lenta na reedificação do partido, depois da pesada derrota que sofreu nas eleições gerais de 2004”, disse.
“É tempo de a Renamo se reerguer e arregaçar as mangas para enfrentar o novo ciclo eleitoral, que se inicia no próximo ano, com as eleições provinciais”.
Para o advogado e deputado Máximo Dias, que tem sido a voz mais independente da bancada parlamentar da Renamo-União Eleitoral, a oposição não está apresentando respostas à altura da nova dinâmica que Guebuza impõe em sua ação político-partidária. “Apesar de ter sempre governado, a Frelimo está a revitalizar-se, e a oposição está cada vez mais ultrapassada pela situação”, disse Máximo Dias à Lusa.
Frelimo
O porta-voz da Frelimo, Edson Macuácua, nega que o país corra o risco de voltar ao monopartidarismo.
“A nossa Constituição contempla os princípios de uma democracia moderna, entre os quais a competição partidária, a separação de poderes e o primado da lei. A consolidação desses valores é irreversível e não depende da sobrevivência ou não da Renamo”, disse Macuácua à Lusa.
“O principal adversário da RENAMO é a sua própria desorganização e a incapacidade do partido em evoluir e apresentar-se como alternativa séria”.
Renamo
A Renamo, através do seu porta-voz, Fernando Mazanga, acusa o partido no governo de se impor pela via da “fraude, chantagem e intimidação, e não pela eficácia de uma mobilização”.
“Os instrumentos do Estado, como a Polícia, o Exército e a Justiça estão a ser utilizados para esmagar a oposição”, afirmou Mazanga à Lusa.
(Texto integral da «Lusa» com a devida vénia)
CANAL DE MOÇAMBIQUE - 18.09.2006
Recent Comments