“Está desenquadrado, desfasado e precisa de uma actualização para voltar a oferecer informação tanto os nacionais como estrangeiros”, disse Felisberto Tinga.
Maputo (Canal de Moçambique) O Bureau de Informação Pública, (BIP) organismo que era suposto ter à disposição do público material informativo de diverso tipo sobre o país e suas instituições, atravessa maus dias. Pode-se dizer mesmo: está de rastos. A biblioteca que era o maior chamariz possui poucos livros e o público praticamente desapareceu. De acordo com o chefe de programas do «BIP», Carlos Remane, “o número de visitas baixou drasticamente”. “Anualmente recebe entre 10 a 20 pessoas”. Mas funcionários não faltam e recebem regularmente sem terem praticamente qualquer utilidade pública.
Para elucidar os leitores e público em geral sobre o que se passa no «BIP», o «Canal de Moçambique» ouviu ontem o director do GABINFO (Gabinete de Informação), Felisberto Tinga. Ele reconhece o mau estado do «BIP» e afirma até que a instituição encontra-se actualmente desfasada e desenquadrada da realidade actual no país.
Tinga explica que o «BIP» foi concebido em 1988 e destinava-se a produzir informação especializada das instituições estatais e de outros documentos oficiais para o público, nacional e estrangeiro como forma de propaganda do regime, então de partido único. “Os ministérios não tinham capacidade de organizar informação em tempo útil”, refere o director do GABINFO um órgão com que se mascarou o ministério da Informação depois de instituído o regime democrático e que, aparentemente, de acordo com informações que também vão chegando a esta redacção, está em vias de ser repescado para reprimir a Comunicação Social não obediente.
Mas sobre o «BIP», Felisberto Tinga vai dizendo que tudo mudou depois do Acordo Geral de Paz, (AGP): “As várias instituições passaram a produzir seu material de informação; a «sociedade civil», partidos políticos e organizações humanitárias passaram a produzir material de informação; os centros de documentação e informação multiplicaram-se, razão pela qual o «BIP» já não pode oferecer informação exclusiva”, refere.
“As pessoas passaram a dirigir-se para as várias instituições e ministérios a procura de material de informação”, acrescenta Tinga.
Como saída para a presente situação, o «BIP» segundo o director do «GABINFO», “precisa de ser estruturado porque neste momento não está a fazer nada”.
Por outro lado Tinga defende que “para o «BIP» voltar a oferecer informação vai ser necessário dinheiro”.
“A informação não se oferece é preciso comprar e precisamos de dinheiro. Actualmente não existe dinheiro para esse efeito”.
Tinga revelou haver planos para se reestruturar o «BIP» em áreas como de pesquisa, publicidade e marketing, até 2007. “Neste momento está a decorrer um estudo de pesquisa que termina no 1º semestre do próximo ano para a sua estruturação”.
(Conceição Vitorino) - CANAL DE MOÇAMBIQUE - 06.10.2006