No lançamento, em 11 de Outubro de 2006, do livro 'Coimbra - Cidade rica do Santo Corpo do seu Rei primeiro' A. Santos Martins propõe:
'Caminho de Santa Cruz'
No lançamento do seu livro 'Coimbra - Cidade rica do Corpo/Santo do seu Rei primeiro', o jornalista e historiador A. Santos Martins propôs às autoridades diocesas e autárquicas da capital mondeguina e da «região influenciada» pelos crúzios, ao longo dos séculos, que se mobilizassem na criação de um Caminho de Santa Cruz.
«Se há um Caminho de Santiago, de que tanto beneficia a Galiza, por que não um Caminho de Santa Cruz que traga os nossos compatriotas de outras regiões, ao longo do ano, em 'peregrinação' ao Altar-Mor da Pátria Portuguesa, que é Coimbra?» - questionou o autor, voltando-se para os representantes da Autarquia e da Diocese, que se sentavam a seu lado na mesa e também o ouviram criticar asperamente Isabel Pires de Lima, «titular do ministério dito da Cultura», por ter desconsiderado a primeira capital do Reino - «a partir da qual se fez Portugal» - pela escolha de Guimarães como Capital Europeia da Cultura em 2012.
Na opinião do «coimbrinha» Armando dos Santos Martins, que enquanto vereador da Câmara Municipal, no início dos anos 80, foi o responsável pelas homenagens prestadas pela autarquia a João Paulo II (caso da estátua do Papa polaco que se encontra junto aos Arcos do Jardim), mais importante do que juntar o casco histórico da cidade aos inúmeros espaços, em todo o mundo, que já são Património da Humanidade «da Unesco»... seria um Caminho de Santa Cruz que despertasse os Portugueses para a importância histórico-cultural de Coimbra, «a verdadeira cidade-berço» da Nacionalidade.
Segundo o autor, tudo começou no Mosteiro que, com o patrocínio do Primeiro Rei, foi fundado por «doze varões apostólicos» - entre os quais o Primeiro Santo português - no «arrabalde» que se estendia de S. Bartolomeu e de Santiago a Santa Justa e da Judiaria Velha ao Mondego.
«Importa relembrar (também a Isabel Pires de Lima e ao seu Governo), que foi com a benção do Prior Mor de Santa Cruz de Coimbra (S. Teotónio) que da primeira capital do Reino largaram as hostes da Reconquista das taifas mouriscas que desde há quatro séculos estavam sob o domínio do Islão»; que «de Santa Cruz de Coimbra saíram os agostinianos para governar antigas e novas dioceses, os abades para antigos e novos mosteiros e paróquias»; que «de Santa Cruz de Coimbra, sem dúvida o primeiro instituto português de Ensino Superior, saíram os homens que foram erguer novos centros de Cultura, nascendo a partir deles a primeira Universidade que houve em Portugal»; que «desde Santa Cruz de Coimbra se desenvolveram os esforços diplomáticos que permitiram, através da Bula 'Manisfestum Probatum', o reconhecimento de Portugal como Reino independente de Leão e Castela»; que «a partir de Santa Cruz de Coimbra se organizou o Povoamento que permitiu chegar-se, logo no século XIII, à delimitação de fronteiras com Castela (Tratado de Alcanizes)».
E o autor deixou a seguir «esta pergunta: - sem Santa Cruz de Coimbra teria havido o Portugal que foi a Ceuta e depois se aventurou pelo Mar Tenebroso e na Epopeia que nos levou, através dos mares, aos confins da Terra»?
A apresentação do livro foi feita pelo responsável pelo Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Coimbra, Mário Mendes, que percorreu e comentou todos os catorze capítulos e, a dado passo, afirmou:
«A vida do nosso primeiro Rei tem servido, ao longo dos tempos, para os historiadores, antropólogos, juristas, teólogos e especialistas de outras áreas do saber percorrerem caminhos de investigação e de reflexão e formularem as mais variadas e até controversas conjecturas, apresentarem estudos importantes e deixarem conceitos que caducaram ou se modificam perante novas argumentações. E, volvidos tantos anos, Afonso Henriques permanece, em alguns aspectos, "desconhecido" em parte da sua grandiosa e complexa vivência.
«A. Santos Martins, investigador e historiador, português de autêntica portugalidade, debruçou-se, apaixonadamente, na pesquisa dessa vida maravilhosa de Afonso Henriques. Recuou no espaço e no tempo, ultrapassou as fronteiras físicas do nosso território europeu, e no livro Coimbra - «Cidade rica do Santo/ Corpo do seu Rei Primeiro» proporciona, ao leitor da sua obra, um manancial de documentos e de estudos que exigem sentido crítico na sua análise, quer escalpelizando a realidade demonstrável e documentada no texto, quer associando alguma interessante e pertinente ficção histórica atinente ao trabalho apresentado e desenvolvido com mestria e manifesta oportunidade. Encontra-se no livro a pródiga e exemplar riqueza da vida do Monarca, a profundidade da sua mensagem política e a grandeza da sua missão social e religiosa».
NOTA: Pedidos à Feira Permanente do Livro, com sede no Arco de Almedina, 33-35, 3000 COIMBRA (telefone 351.239 838 192)