A União Africana (UA) advertiu aos governos africanos para evitarem uma eventual `segunda colonização de potências emergentes´, como a China, Brasil e Índia, e esboçou um anteprojecto que deverá servir de guião nas relações com aqueles países.
`África precisa de confiar nas suas próprias aptidões e olhar para o comércio e oportunidades de crescimento dentro de si própria, para evitar uma segunda colonização debaixo das parcerias estratégicas com as potências emergentes´, refere um documento da UA, divulgado na segunda-feira, em Nairobi, capital do Quénia.
O anteprojecto refere que o continente deve adoptar uma estratégia para o seu envolvimento com as potências emergentes para evitar o que chama de `uma segunda colonização´ e assegurar uma maximização dos benefícios colhidos por África no seu relacionamento com aqueles Estados.
O plano estratégico da UA, concluído a 13 de Setembro passado, em Addis-Abeba, Etiópia, durante a reunião da `Equipa de Trabalho da Parceria Estratégica de África com as Potências Emergentes´, avalia como a cooperação com as potências emergentes pode ajudar o continente a usar os seus recursos naturais da forma mais eficaz e efectiva para conseguir a sua industrialização.
A comissária da UA para Comércio e Indústria, Elizabeth Tankeu, disse que as recomendações produzidas por aquela equipa de trabalho serão apresentadas, brevemente, aos MNE´s africanos para que eles possam adoptar medidas para a execução do plano de acção.
De acordo com o plano estratégico, os governos africanos deverão usar a Nova Parceria para o Desenvolvimento de África (NEPAD), como um guia para as relações a estabelecer com as potências emergentes.
O anteprojecto visa a promoção da cooperação económica, comércio e melhoria do acesso ao mercado para os produtos africanos. Inclui também o desenvolvimento dos recursos humanos de África, aquisição, partilha e aplicação de tecnologia de ponta.
O anteprojecto traça ainda em linhas gerais a cooperação com China, Índia, Brasil e Venezuela para o desenvolvimento dos recursos energéticos africanos, promoção da pesquisa, desenvolvimento de infra-estruturas e aumento da produtividade agrícola.
A equipa de trabalho foi formada para conduzir análises geopolíticas e económicas para a identificação de parceiros estratégicos que serão capazes de assistir à industrialização do Continente Africano. De acordo com a UA, o novo relacionamento com as potências emergentes deve resultar numa situação benéfica para ambas as partes.
NOTÍCIAS - 25.10.2006