O cérebro da operação de assassinato do jornalista e investigador, Carlos Cardoso, Aníbal dos Santos, entrou em greve de fome, para reivindicar medidas disciplinares mais suaves.
Cardoso foi morto a 22 de Novembro de 2000, com pelo menos oito tiros de uma arma de fogo, quando o carro em que seguia vindo do jornal electrónico Metical, de que era editor e proprietário foi emboscado, em Maputo.
Anibalzinho cumpre uma pena de prisão de quase 30 anos, a mais alta moldura penal contra um réu em
Moçambique. E desde segunda-feira que lhe foram impostas medidas punitivas mais severas – foi algemado – por ordens de altas patentes da polícia, o que precipitou à greve de fome.
Até ordem em contrário, Anibalzinho deverá ficar algemado, disse uma fonte policial ao mediaFAX. O mais famoso preso moçambicano já tentou uma quarta evasão, mas sem sucesso, da sua penitenciária, instalada num andar de cima do próprio comando da polícia em Maputo, prenunciando fragilidades da instituição, encarregue da sua protecção.
A última tentativa de evasão de Anibalzinho, ocorreu na madrugada de 27 para 28 de Outubro, ( de sábado para domingo), mas foi igualmente frustrado.
“Ele não aceita comer desde segunda-feira, mas, pelo menos, bebe água”, precisou a nossa fonte. As
refeições de Anibalzinho são agora confeccionadas no interior do Comando da polícia, contrariamente ao passado, cuja comida vinha de fora da cela, trazida por familiares.
mediaFAX soube que Anibalzinho em carta, pediu à intervenção da poderosa organização dos Direitos Humanos, LDH sobre à violação dos seus direitos.
A carta denuncia “tratos desumanos por parte das autoridades”, explicou a fonte, que disse que a referida carta teria sida interceptada pelo Comando Geral, na tarde de terça-feira.
O mediaFAX esteve quinta-feira no Comando da Polícia em Maputo para abordar o assunto, mas sem sucesso. O porta-voz da polícia, Ilídio Miguel, estava igualmente indisponível. Ele estava a participar num encontro policial e “não estava em altura de falar com o mediaFAX”, respondeu a nossa fonte.
Prometeu abordar o assunto na próxima segunda-feira.
Esta nova tentativa de evasão, Anibalzinho socorreu-se de folhas de serrote para cortar as grades. A nossa fonte policial suspeita que este folhetim de evasões tenha como objectivo distrair a opinião pública. “No dia em que alguém achar que deve tirar Anibalzinho, ele vai sair da porta e não das grades”, comentou a fonte.
Anibalzinho foi vigiado no passado, por três forças combinadas, Polícias de Protecção, anti-motin ou de choque e guardas da Casa Militar, responsável pela segurança presidencial, mesmo assim conseguiu ludubriar estas forças.
(Fernando Mbanze) - MEDIA FAX - 03.11.2006