24 mil USD para a reabilitação do «Anfiteatro Mapiko»
“A mcel diz que apoia orgulhosamente a cultura. Nós não sabemos que tipo de cultura apoia. Se calhar para os gestores da mcel a cultura é só música” – Eusébio Daniel coordenador da «Associação Casa Velha»
As instalações da «Associação Cultural da Casa Velha», na cidade de Maputo, estão votadas à degradação progressiva. O edifício com desenho arquitectónico antigo está caindo aos poucos sem beneficiar de qualquer tipo de reabilitação. Há mais de um ano que naquela agremiação cultural não existem actividades culturais supostamente porque o seu «Anfiteatro Mapiko», normalmente usado para ensaios e outras actuações culturais se encontra totalmente degradado. Eusébio Daniel, coordenador da «Associação Casa Velha» falando através do «Canal de Moçambique» queixou-se da falta de patrocínios pelas empresas e outro tipo de patrocinadores. Refere que a «Casa Velha» tem encetado vários contactos junto do empresariado da praça, todavia, refere que tudo tem redundado num fracasso. “Alguns já se recusaram verbalmente patrocinar a reabilitação”, conta.
Segundo o coordenador da «Casa Velha», “o teatro e a dança no «Anfiteatro Mapiko» realmente cessaram há anos devido às más condições que as instalações oferecem”.
“O palco feito de madeira já não oferece condições de segurança. Carece de reabilitação há mais de 15 anos. A madeira com a humidade, chuva e sol, logicamente não pode durar tanto tempo”, explica.
“A renovação do «Anfiteatro Mapiko» envolve custos monetários e de acordo com o orçamento que efectuámos nos últimos sete meses deste ano a reabilitação do nosso anfiteatro está avaliada em 24 mil USD”.
“Submetemos cartas de pedido de apoio para a reabilitação do nosso anfiteatro a várias entidades moçambicanas e estrangeiras que normalmente dizem apoiar a cultura mas até aqui não tivemos sucessos e já passam anos”.
Caso «FUNDAC»
De acordo com Eusébio Daniel o próprio «Fundo para o Desenvolvimento Artístico e Cultural – FUNDAC», apesar de abordado não deu nenhuma resposta favorável para a salvação da «Casa Velha». Daniel conta que a «Associação» contactou pela primeira vez esse organismo do Ministério da Educação e Cultura, numa altura em que os custos para a reabilitação do edifício estavam orçados em 6 mil USD. Entretanto devido a demora motivada pela burocracia naquela instituição governamental “quando a resposta veio, entretanto, os custos de reabilitação já haviam ascendido, dos 6 mil USD para 8 mil USD. A FUNDAC, mais uma vez impôs outra espera alegadamente para estudar a nova proposta dos 8 mil USD. Entretanto, Eusébio Daniel refere que a espera está sendo longa que actualmente os custos de reabilitação aumentaram dos antigos 8 mil USD e já rondam os 24 mil USD. Eusébio Daniel explica que “os custos e os preços aqui em Moçambique variam diariamente, e, essa variação constitui um indicador para afirmarmos que o valor orçado anteriormente tenha ultrapassado os 24 mil USD”.
Mcel e Vodacom
As duas operadoras de telefonia móvel têm se caracterizado em apoiar ou patrocinar diversas causas ou eventos culturais no país. Todavia ambas não se mostram disponíveis a patrocinar a reabilitação daquele histórico edifício.
“Contactamos a «mcel – Verão Amarelo» e a «Vodacom» e disseram-nos que não tinham dinheiro. O que para nós não passa de uma recusa porque não estariam a patrocinar outros eventos culturais como o fazem se não tivessem dinheiro para esse efeito”, afirma algo agastado.
“A mcel diz que apoia orgulhosamente a cultura. Nós não sabemos que tipo de cultura apoia. Se calhar para os gestores da mcel a cultura é só música”, disse.
Eusébio Daniel aproveitou a ocasião para lançar críticas contra a alegada falta de apoios ao desenvolvimento da cultura pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC).
Segundo ele o MEC e suas instituições “não apoiam os diversos grupos culturais do país como dizem”.
Ministério da Educação e Cultura
O chefe do «Departamento das Artes Cénicas» do MEC, José Manuel Pita atira a responsabilidade para um possível financiamento da reabilitação da «Casa de Velha» à FUNDAC que segundo disse ao «Canal de Moçambique» é que possui verbas para acudir esse tipo de situações.
Segundo Manuel Pita o grande problema que afecta o sector de artes cénicas é a falta de espaços ou salas para as actuações ou exibições de peças teatrais. Como alternativa, segundo ele, o que o «Departamento das Artes Cénicas» tem feito para ajudar os grupos culturais é intermediar juntos de vários parceiros a disponibilização de salas, tal é o caso dos cinemas e casas da cultura.
(Emildo Sambo) -CANAL DE MOÇAMBIQUE - 14.11.2006