Quelimane
“Estamos a apertar um bocado para evitar acidentes”, refere Pio Matos, presidente do Municipio de Quelimane
Cresce a onda de “revolta” com relação ao 9º congresso do Partido Frelimo que hoje termina na cidade de Quelimane, província da Zambézia.
Os utentes de bicicletas, um dos mais expressivos, senão mesmo o mais utilizado meio de transporte nesta província do centro do país, não estão a encontrar explicações plausíveis de quem de direito, sobre as restrições que lhes foram impostas desde o inicio da reunião dos “camaradas”.
A titulo ilustrativo; os ciclistas residentes no famoso bairro “Brandão” não estão a ser autorizados a atravessar massivamente para a “cidade” por causa da realização do “9º Congresso do Partido Frelimo”. Esta zona dista a pouco menos de 700 metros do bairro “Mapiazua”, onde esta a decorrer a reunião da Frelimo.
Sentimento de revolta
José Norberto, um dos utentes deste transporte, mostrou-se revoltado com esta situação – de impedimento de circulação devido ao 9º Congresso –, após recolher a sua “bichinha” na sede da Frelimo onde esteve retida durante algumas horas.
Falando ao «Canal de Moçambique», Norberto disse que na sede provincial da Frelimo na Zambézia “mais de 50 bicicletas continuam retidas”.
“Se este congresso é uma forma da Frelimo conseguir simpatia dos zambezianos estão enganados, porque estão a humilhar-nos”.
José Norberto diz que é artista plástico e que já teve a oportunidade de falar com o presidente da Frelimo e chefe de Estado, Armando Guebuza aquando das chamadas “presidências abertas”, onde alega, ter manifestado o seu desagrado num comício público, sobre a prestação de serviços da Televisão de Moçambique (TVM) no que se refere a cobertura de eventos culturais. “Não divulgam as nossas obras locais de arte”.
Norberto conta que finda a sua intervenção no tal comício, a vice-ministra da Educação e Cultura, Antónia Xavier, ter-lhe-á, solicitado “calma” alegadamente porque “o congresso vem ai e haverá trabalho para ti”.
Norberto diz que ninguém lhe procurou até hoje para lhe solicitar trabalhos de arte “para o Congresso” e ainda levanta outras questões. “Se a Renamo ou outro partido realizarem congressos em Quelimane vão asfaltar as ruas como fizeram agora?” . “Será correcto usarem e abusarem da cidade sem o consentimento dos cidadãos?”.
Outra situação que estar a irritar os ciclistas “zambezianos” prende-se com a obrigatoriedade de terem iluminação para circularem no período nocturno, coisa que antes nunca foi feita, mas agora, por causa do “Congresso” é o vê se te avias... “Em nenhum lugar de Quelimane se vendem dinâmos para a iluminação. O governo local sabe disso”, afirma.
Pio Matos distancia-se
O edil de Quelimane, Pio Matos, minimiza a inquietação dos ciclistas dizendo que este acto de restrição é no sentido de precaução. “Agora estamos a apertar um bocado para evitar acidentes”.
Matos disse ainda que os “ciclistas aqui conhecem as normas pois para circularem têm que tirar carta de condução”.
Para se tirar a carta de condução de bicicletas a taxa cobrada é de 50,00 MTn e a taxa de circulação anual é 350,00 Mtn.
Recorde-se que Pio Matos já militou na “perdiz” antes de abalar para o “batuque e Maçaroca”.
(Luís Nhachote, em Quelimane) - CANAL DE MOÇAMBIQUE - 14.11.2006