O DISTRITO de Mogovolas, em Nampula, está a registar níveis cada vez mais altos de desistências no ensino, sobretudo na rapariga, situação que inquieta o sector da Educação naquela região. O fenómeno fica a dever-se a gravidezes e casamentos prematuros, actividades de pastorícia e pequenos negócios.
Maputo, Sábado, 11 de Novembro de 2006:: Notícias
Informações disponíveis apontam que Mogovolas registou ao longo do primeiro semestre deste ano lectivo um total de 1676 desistências, sendo que 565 são raparigas. As desistências registam-se com maior incidência entre a sétima e nona classe cuja média de idade dos alunos é de 15 anos. Dados ilustrativos em nosso poder apontam que na sétima classe o aproveitamento pedagógico no primeiro semestre foi de 85 porcento. O aproveitamento escolar começa a decair de forma acentuada, onde na oitava classe tem um registo de 62 por cento e na nona menos sete pontos percentuais. Na décima classe a situação não está boa, sobretudo no presente ano lectivo que ficou pelos 63 porcento. A directora distrital da Educação e Cultura, Juventude e Desportos do Mogovolas, Tecla Pedro Ngole, referiu que as principais causas das desistências no ensino estão relacionadas com as gravidezes e casamentos prematuros, pastorícia, emprego dos jovens na indústria de caju, prática de negócios, entre outras causas. Mogovolas é um distrito tradicionalmente forte na criação de gado bovino, cujos efectivos estão a registar urn incremento assinalável nos últimos tempos. É o maior produtor da castanha de caju no país, e muitos jovens em idade escolar abandonam o ensino para se dedicarem ao comércio daquele produto estratégico. A valorização do produto a nível nacional e a consequente subida do seu preço mínimo é um aliciante para os alunos abandonarem o ensino à procura de melhores condições de vida. "Mas já estamos a trabalhar com a comunidade em todas as escolas com a intervenção das autoridades tradicionais no sentido de explicar sobre esta problemática das desistências, e lembramos aos pais e encarregados de educação que a desistência do seu educando dá direito ao pagamento de uma multa", disse Tecla Ngole, sublinbando que aos docentes têm sido advertidos que engravidar uma aluna dá direito a expulsão.