A opinião de: Augusto Macedo Pinto*
Uma coincidência interessante, ter-se iniciado no mesmo dia, quinta-feira 16 de Novembro, a 18ª Sessão Ordinária da Assembleia Paritária África, Caraíbas e Pacífico/União Europeia (ACP/UE) a decorrer nos Barbados, no Pacífico Sul, com o propósito de analisar a cooperação política, económica e social entre estes dois grupos económicos de países, contando nomeadamente, com a presença de uma delegação parlamentar moçambicana e a Plataforma Tecnológica Manufuture, a decorrer em Portugal, no Porto, tendo sido uma iniciativa resultante de um conjunto de acções lançadas pela DG Research, da Comissão Europeia e a AEP – Associação Empresarial de Portugal. Tal iniciativa teve como objectivo definir uma visão e uma estratégia, para o desenvolvimento sustentado da indústria europeia e de identificar um conjunto de prioridades de investigação e de acções de suporte, capazes de dinamizar e apoiar esse desenvolvimento, adiantaram os promotores.
A Sessão ACP/UE, entre outras questões, de acordo com o periódico moçambicano «Notícias» e conforme lhe referiu a deputada moçambicana Ana Rita Sithole iria debruçar-se sobre os acordos de parceria de comércio livre entre os países da ACP e da União Europeia, com destaque para a comercialização do açúcar e banana. Nesta oportunidade, os países em desenvolvimento e membros da ACP, procurarão influenciar os seus parceiros da União Europeia no sentido de abrirem os seus territórios para a exportação de açúcar e banana produzidos principalmente em África e nas Caraíbas.
Outros dos temas em análise é da área social e ambiental, em torno da conservação das orlas marítimas dos países membros, com destaque para o impacto da actividade pesqueira no desenvolvimento económico dos países ACP e UE. Ainda será objecto de análise a denominada “fuga de cérebros”, ou seja, de cientistas e quadros qualificados dos países pobres para os mais ricos. “A pesca é uma actividade desenvolvida com particular destaque nas regiões das Caraíbas e do Pacífico, muito embora ela também se verifique em África e na Europa. Porque se trata de uma actividade económica com grande impacto nos três continentes, a Assembleia Paritária decidiu dedicar parte do seu tempo a analisar a questão, por forma a introduzir as correcções julgadas pertinentes para melhorar não só esta actividades, como também as trocas comerciais dos produtos daí resultantes”, disse a líder dos parlamentares moçambicanos que participam na reunião da ACP/UE. De referir que Moçambique é membro desta organização desde 2005, tendo já participado em mais de dez encontros da organização. Actualmente ocupa a co-vice-presidência da Comissão dos Assuntos Sociais e Ambientais desta organização internacional.
No âmbito do Workshop do Porto, o Director – Geral de Investigação da Comissão Europeia, Dr. José Manuel Silva Rodriguez, honrou com a sua participação. Onde temas como Investigação, Tecnologia e Inovação, painel moderado pelo Engº Joaquim Menezes, Educação e Formação este moderado pelo Professor Doutor Alberto Castro, trouxeram pela qualidade dos seus apresentadores, estes, professores e empresários, ricos ensinamentos e transmissão de vivas experiências a todos os participantes. Uma das mensagens por eles deixadas e que me apraz registar: “Ser líder dá muito trabalho, e, quem quer ser líder, tem de trabalhar, conhecer as pessoas, tratá-las pelo nome, sair do gabinete…” Mas que “Desafios na Tecnologia, Inovação e na Competitividade da Indústria” vindos da UE nos esperam, se nos “alhearmos” que África existe, e, tem mais de cinquenta países? Um dos conferencistas citou Albert Einstein, “Os desafios de amanhã, não podem ser resolvidos com o conhecimento de hoje”.
* Antigo Cônsul de Moçambique em Portugal,
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VERTICAL – 22.11.2006