Ana Dias Cordeiro
Membros da oposição extraparlamentar foram condenados a penas de prisão efectiva
O Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, inaugurou ontem em Luanda o recenseamento eleitoral. Foi o primeiro a registar-se para as eleições oficialmente previstas para 2007, mas ainda sem data marcada. A aparição em público dissipou dúvidas sobre o seu estado de saúde, depois de rumores que insistentemente circulavam em Luanda e Lisboa desde o início da semana, dando conta de que o Presidente não estaria bem.
As câmaras de televisão transmitiram a cerimónia de Luanda em directo para todo o país mostrando Eduardo dos Santos com o seu cartão de eleitor, a pedir a todos os angolanos para seguirem o seu "exemplo".
Também o líder da UNITA, Isaías Samakuva, se congratulou com o início do recenseamento como um "dia histórico" para Angola, por marcar "o início de um processo" esperado há 14 anos, numa referência às únicas eleições realizadas no país em 1992.
O registo que se prolongará até Junho de 2007 marca formalmente o início de um processo eleitoral numa altura em que aumentam os receios entre organizações internacionais e alguns partidos da
oposição angolana sobre falta de liberdade política e de liberdade de expressão em período pré-eleitoral.
Dos 27 militantes e dirigentes do Partido de Apoio Democrático ao Progresso de Angola (PADEPA) que estavam presos desde quinta-feira, 26 foram condenados a um mês de prisão efectiva, acusados de
desobediência por tentarem fazer uma manifestação frente à embaixada da França para a qual não tinham tido autorização pelo Governo Provincial de Luanda.
A direcção do partido, sem representação parlamentar, denunciou a "politização do julgamento". E terá de pedir ajudas para pagar as elevadas cauções exigidas para a libertação dos condenados, cujas sentenças foram objecto de recurso por parte da defesa.
PÚBLICO - 16.11.2006