O Estado moçambicano não vai vender as suas acções na HCB, segundo garantiu ontem o Ministro da Energia, Salvador Namburete.
O ministro reagia a informações postas a circular dando conta de interesses por parte da ZESA, companhia de electricidade do Zimbabwe, em adquirir 25 porcento daquelas participações e algumas firmas chinesas também com interesses no empreendimento.
Falando à margem da abertura de um seminário sobre Cooperação e Comércio da Energia na Southern African Power Pool (SAPP), aquele governante confirmou ter havido manifestações de interesse daquelas partes, mas que nada de concreto foi avançado. No quadro do processo de reestruturação e reversão da HCB, o Estado deverá deter 85 porcento das acções no empreendimento, enquanto que Portugal fica com os restantes 15 porcento. `A nossa visão não é comercializar as acções na HCB´, sustentou Namburete.
Em quase toda a África Austral, o quadro prevalecente caracteriza-se por uma escassez de energia, que tende a acentuar-se com o decurso do tempo. Esta escassez deriva do facto de o desenvolvimento económico que a região tem registado, nomeadamente a atracção de investimentos industriais de uso intensivo de energia, não estar a ser acompanhado, ao mesmo ritmo, por investimentos em novas capacidades de geração de energia.
O potencial em recursos energéticos de que Moçambique dispõe, particularmente a hidroelectricidade, associado à sua localização geográfica, confere-lhe uma posição privilegiada na geração de energia limpa e competitiva, capaz de satisfazer as necessidades de consumo interno e o abastecimento do mercado regional.
Salvador Namburete apontou que foi na tentativa de inverter este quadro que Moçambique inscreveu na própria SAPP o seu quadro de prioridades em grandes projectos de geração, tais como o da construção da barragem de M´Panda Nkuwa, com capacidade para produzir 1300 Mw, uma central térmica em Moatize, com capacidade de 1000 Mw, podendo atingir 1800 Mw, e ainda a Central Norte da HCB, para geração de energia de curta duração.
Para o ministro da Energia, o processo em curso de reversão e transferência do controlo sobre a HCB a favor do Governo de Moçambique remove eventuais incertezas de investidores, proporcionando espaço para o fluxo de investimentos direccionados para o sector de energia e para as actividades industriais de uso intensivo de energia.
Segundo a fonte, o Executivo continua a trabalhar para identificar políticas e estratégias mais consentâneas com a realidade nacional e com as perspectivas da região, por forma a assegurar uma participação efectiva na cooperação regional e optimização dos ganhos da integração, potenciando melhor os esforços da luta pela erradicação da pobreza. A SAPP é a entidade responsável pela planificação e coordenação das actividades de cooperação e comércio de energia na África Austral.
Sem avançar números, Salvador Namburete disse que Moçambique tem vindo a colher ganhos da entrada na SAPP. `Para além da África do Sul e Zimbabwe, através desta organização temos a estado a vender energia para o Botswana, Namíbia e outros na zona´, sustentou.
NOTÍCIAS - 17.11.2006
NOTA:
Podem-se não "vender" as acções, mas poderão ser "hipotecadas". E Ministro, assim, só fala verdade!
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE