O Fundo Monetário Internacional voltou a manifestar profunda preocupação com os níveis de corrupção nos sectores extractivos da economia angolana.
Apesar de alguns elogios à macro-gestão, a mais recente apreciação do FMI ao desempenho da economia angolana está a ser classificada por analistas como globalmente severa. A avaliação incide sobre o primeiro semestre do corrente ano.
Segundo os mesmos analistas, esta avaliação representa um revés para as autoridades angolanas, que esperariam mais elogios e menos reparos.
Os directores do FMI exortaram o governo angolano a prestar, com urgência, 'a melhor e mais profunda atenção' à problemática da gestão e da corrupção nos sectores extractivos da economia.
Os responsáveis do FMI manifestaram-se seriamente preocupados com o aparente abandono dos esforços anteriormente encetados nesse sentido.
O FMI lamentou igualmente que as autoridades angolanas não tenham acatado a ideia de se transferir para uma agência governamental, a ser criada para o efeito, as funções de concessionária e de reguladora do sector petrolífero.
Estas funções estão actualmente sob a alçada da Sonangol, a empresa estatal.
Notas preocupantes foram ainda atribuídas pelo FMI à não publicação, até agora, de qualquer auditoria às contas da Sonangol.
Motivo de preocupação é também o facto das actividades da empresa estatal de diamantes, Endiama, igualmente concessionária e reguladora do sector, serem, segundo o FMI, marcadas por sérios conflitos de interesses.
Para o FMI a economia privada continua a ser prejudicada por uma deficiente infraestrutura. O clima para os negócios é descrito como nada hospitaleiro, destacando-se um quadro regulamentar inadequado.
O Fundo Monetário Internacional sublinha a flexibilidade como princípio económico fundamental à criação de mais postos de trabalho. Implícita, segundo analistas, fica uma crítica ao modo como o governo angolano está a controlar o mercado de câmbios, evitando assim a desvalorização do kwanza, a moeda nacional.
O FMI voltou a exortar as autoridades de Luanda a implementar urgentemente reformas institucionais para reduzir a burocracia e eliminar acessos privilegiados. Outro objectivo das referidas reformas seria a agilização de contratos e direitos de propriedade.
O FMI partilha o receio de que o novo banco estatal criado este ano pelo governo possa vir a sobrecarregar os recursos públicos.
IMENSIS - 21.11.2006