Pretória - A fuga de um detido de nacionalidade moçambicana, considerado "perigosíssimo", da prisão de segurança máxima "C-Max", em Pretória, está a provocar uma "tempestade" a nível do governo e dos serviços prisionais.
Ananias Mathe, de 29 anos, que aguarda julgamento por 50 crimes de homicídio, violação, furto de veículos e assaltos à mão armada e tentativa de homicídio, fugiu sábado da prisão "C-Max", ao que parece após ter serrado as algemas e duas barras de ferro da cama, escalado a parede da cela e alcançado o telhado, através do qual chegou a uma saída para o exterior. A cadeia de máxima segurança onde estava detido apenas tem pequenas janelas que permitem a entrada de luz e ar, mas que não dão para um homem passar por elas. O ministro dos Assuntos Correccionais, Ngconde Balfour, manifestou-se segunda-feira "muito zangado" com a fuga, afirmando que o inquérito às suas circunstâncias será extremamente rigoroso e incluirá mesmo testes aos guardas prisionais em detectores de mentiras.
O ministro afirmou conhecer bem aquele estabelecimento prisional, do qual afirma não ser fácil escapar desta forma, pelo que se manifestou a convicção de que houve "algum tipo de conluio".
A associação de defesa dos direitos humanos dos presos (Sapohr) concorda com o ministro e o seu presidente, Golden Miles Budu, disse que, embora não possua todos os pormenores da fuga, tem a certeza de que o prisioneiro contou com a cumplicidade de funcionários do estabelecimento prisional.
O oficial encarregado de recapturar o detido, Arnold Boonstrha, referiu que a equipa que comanda não dorme há dois dias e que todos os esforços estão a ser feitos para fazer regressar o moçambicano à prisão. Mathe já tinha escapado o ano passado das celas de uma esquadra de polícia onde alegadamente estava "sob vigilância permanente dos agentes". A polícia recapturou-o nove meses depois.
Segundo a descrição dada hoje pelo capitão Boonstrha, o prisioneiro teria eventualmente fugido, pelo telhado, depois de passar através da janela da cela com 20 por 60 centímetros, o que muitos especialistas afirmam ser impossível.
Boonstrha afirma que Ananias Mathe besuntou o corpo com gel de petróleo de forma a tornar-se escorregadio e conseguir passar pelo diminuto espaço. Segundo a descrição daquele oficial, o detido teria depois utilizado lençóis e peças de roupa para descer ao longo de uma parede exterior, tendo mesmo escrito na parede um insulto dirigido aos guardas prisionais. A história da fuga de Mathe fez segunda-feira as "manchetes" da maioria dos jornais vespertinos, merecendo também destaque nos noticiários das rádios e televisões.
LUSA - 21.12.2006