- refere o ministro dos Transportes e Comunicações, António Munguambe, que reconhece que as dragas actualmente em funcionamento estão obsoletas e precisam de ser substituídas
O ministro dos Transportes e Comunicações, António Munguambe, reconheceu ontem que o país precisa de renovar o seu parque de dragas. Segundo ele, ao dirigir-se ao público através do «Canal de Moçambique», as dragas actualmente em funcionamento já estão em estado obsoleto e o Governo não possui dinheiro próprio para adquirir novas unidades. O recurso imediato, de acordo com aquele governante, será o financiamento externo.
Recentemente (vsff Canal de Moçambique n.º 160, 23.Set.2006) a «EMODRAGA» (Empresa Moçambicana de Dragagens) deu a conhecer que vai adquirir com previsão de receber em Julho de 2007 uma draga financiada pelo Japão e avaliada em 20,4 milhões USD e naquele momento, segundo Arlindo Costa Xavier Duarte, porta-voz do Conselho de Administração da empresa, já em construção.
A mesma fonte da EMOGRAGA disse ainda ao «Canal de Moçambique» na mesma ocasião, que uma outra draga poderia vir a ser adquirida à Dinamarca, mas a decisão ainda dependeria de “os estudos de viabilidade já realizados e confirmados por missões de avaliação e de certificação mandatadas pela DANIDA” (Agência Dinamarquesa de Desenvolvimento Internacional)”.
Ontem, o ministro Munguambe disse ao «Canal de Moçambique» que o governo não está capaz de resolver o problema com fundos próprios. As suas declarações foram registadas à saída de mais uma sessão de esclarecimentos à «Comissão de Actividades Económicas e Serviços» da Assembleia da República a que acabara de se submeter.
De acordo o ministro, e confirmando-se de novo as informações já veiculadas em Setembro pelo «Canal de Moçambique», a partir do primeiro semestre de 2007, o país vai beneficiar de uma nova draga a ser afecta, essencialmente, ao porto da Beira. Essa draga a que o ministro se referiu ontem é um “donativo» do governo nipónico”.
“Não temos fundos suficientes para adquirir uma nova draga. Pedimos apoio ao governo do Japão”.
De acordo com o titular da pasta dos Transportes e Comunicações “as dragas do Porto da Beira são velhas e enfrentam dificuldades. Elas precisam de ser substituídas”.
“Reconhecemos que o Porto da Beira é importante, mas temos dificuldades de adquirir uma draga nova com fundos do Estado”, disse António Munguambe.
O «Canal de Moçambique» apurou por outro lado que a draga nipónica não tem capacidade para resolver o problema do assoreamento do «Canal do Macuti» que dá acesso ao Porto que serve o «Corredor da Beira» e a «Linha de Sena» (ex-«Trans Zambézia Railways») por onde a «Companhia do Vale do Rio Doce (CVRD) irá dar vazão ao carvão que pretende explorar em Moatize.
Dado o volume de carvão dos diversos filões que se prevê venham a ser explorados a céu aberto o que implicará que a cidade de Moatize deixe de existir e outra seja construída mais a norte, a única via que se estima economicamente viável é a do Porto da Beira.
A aquisição da draga à Dinamarca é indispensável para assegurar a operacionalidade do porto da Beira de modo a satisfazer em pleno a prossecução do programa de carvão de Moatize, em Tete.
O escoamento de carvão poderá iniciar-se em 2010, pela Beira. Para tal um novo terminal de carvão poderá vir a ser construído no Porto da Beira ou o actual melhorado e ampliado. Um ou mais ramais ferroviários poderão também terem de ser construídos a partir das imediações da fábrica de cabos eléctricos «Celmoque», no Alto da Manga, até à zona portuária.
Conceição Vitorino - CANAL DE MOÇAMBIQUE - 29.11.2006