Através de carta de 27 de Junho de 1974
Enquanto decorre, desde 2005, no Tribunal Judicial Provincial de Inhambane uma acção cível de divórcio litigioso interposta por seu ex-marido Francisco Joaquim Manuel, sabe-se hoje que já faz parte dos autos uma carta, escrita pelo punho próprio da Joana Semião, na qual ela lhe pedia divórcio. Datada de 27 de Junho de 1974, a carta é escrita pelo punho e caligrafia própria da Joana Semião, em folhas A4 com o timbre de «Hotel Chuabo», na cidade de Quelimane na província da Zambézia.
A doutora Joana Semião manifesta nessa carta um estado de desilusão em termos de convicções políticas entre o casal que afirma eram divergentes. Fundamentava que a salvação para o matrimónio de ambos era a homogeneidade das convicções de ambos. Fora disso, dizia achar por bem que a relação terminasse. Pouco depois, Joana Semião era presa pelas autoridades coloniais portuguesas que juntamente com outros detidos os entregaram à Frelimo que já se preparava para governar o país. Desde então Joana Semião nunca mais foi vista publicamente, pelo menos nos círculos que frequentava, desde familiares, políticos, académicos e sociais.
Durante os tempos de mono-partidarismo o que se sabia é que Joana Semião era reaccionária, dado que ficou imortalizado pela famosa canção «Frelimo ayina mwichu – o mesmo que «Frelimo não tem fim», em português.
A «bomba» sobre a confirmação da sua morte caiu pela primeira vez na Assembleia da República na primeira legislatura multipartidária (1994-1999), quando o antigo deputado pela bancada da Frelimo e hoje Director Geral do Gabinete do Plano do Zambeze, coronel Sérgio Viera, gritou a plenos pulmões, para todo o mundo ficar a saber e ouvir bem, que “Joana Semião foi fuzilada”, alegadamente, por ser “traidora”.
(Luís Nhachote) - CANAL DE MOÇAMBIQUE - 07.11.2006