Embaixador americano protesta
O novo embaixador norte-americano em Pretória, Eric Bost, lamentou o facto das entidades sul-africanas responsáveis pelo combate contra a pandemia do HIV-SIDA o terem literalmente desprezado desde que chegou à África do Sul.
Isto, apesar dos Estados Unidos, segundo Bost, serem "o país que mais contribui para o programa de combate ao SIDA" na nação vizinha de Moçambique. Bost fez questão de realçar numa entrevista concedida ao semanário «Sunday Times», que os EUA são o país que mais contribui para enfrentar a pandemia na África do Sul. "Somos o país que vos dá mais dinheiro em todo o Mundo para combater o HIV-SIDA. Aquilo que damos é superior ao dinheiro concedido por todos os doadores, mas, no entanto, não consigo dialogar com as entidades responsáveis pela gestão do programa de combate àquela doença."
O diplomata norte-americano não explicou os motivos por que tanto a ministra da Saúde, Manto Tshabalala-Msimang, como a vice-presidente da África do Sul, Phumzile Mlambo-Ngucka, têm evitado avistar-se com ele desde que chegou à África do Sul há mais de 4 meses. Bost afirma que feitos esforços para encontrar as duas figuras da numenklatura sul-africana mas sem sucesso.
Não há diálogo com só um a falar
"Tenho tentado contactar ambas as senhoras desde que aqui cheguei, mas isso tem sido impossível. Não pode haver uma parceria quando apenas uma das partes é que dialoga."
Desconhece-se se a "parceria" que o país de Eric Bost tentou estabelecer com a África do Sul no âmbito do combate contra o HIV-SIDA era do género "inteligente": antes de Washington ter efectuado as suas avultadas doações para o combate ao HIV-SIDA na África do Sul, as autoridades de Pretória defendiam a tese – que ainda permanece válida entre os círculos oficiais – de que o HIV não é a causa do SIDA. Além do mais, as autoridades sul-africanas opuseram-se sempre à distribuição de anti-retrovirais para tratamento dos seropositivos, alegando que a melhor via para se debelar o mal é uma dieta apropriada.
“Alho e beterraba”
Ainda há poucos dias, jovens militantes do ANC dirigiram-se ao Aeroporto Internacional Oliver Tambo (ex- Jan Smuts), em Joanesburgo, procedendo à distribuição gratuita de alho e beterraba aos passageiros acabados de desembarcar, afirmando ser essa a cura para o SIDA. Manto Tshabalala-Msimang tem sido a grande defensora do consumo de alho e beterraba para se combater um mal que alastra assustadoramente à escala nacional, fazendo da África do Sul um dos países da região austral de África com o maior índice de seropositivos.
A posição sul-africana relativamente ao combate contra o HIV-SIDA foi alvo de enérgicas críticas por parte de diversos delegados presentes na conferência internacional sobre a pandemia recentemente realizada no Canadá.
CANAL DE MOÇAMBIQUE - 30.11.2006