COIMBRA - Um encontro com o mestre Malangatana, o mais emblemático artista plástico moçambicano, marcou esta segunda-feira, em Coimbra, o arranque de um programa de eventos organizado pelo Instituto de História de Arte da Universidade de Coimbra.
O “Encontro com Malangatana” decorreu no foyer do Teatro Académico de Gil Vicente e nele participam, além do próprio artista plástico, o poeta e jornalista Luís Carlos Patraquim e o músico Costa Neto.
“A contemporaneidade tem um peso importantíssimo nestas iniciativas”, disse segunda-feira Maria de Lurdes Craveiro, docente do Instituto de História de Arte da Faculdade de Letras, referindo que o programa a desenvolver ao longo de 2006 e 2007 compreende conferências, exposições, debates e cursos livres, entre outros eventos.
Segundo a especialista em História de Arte, a obra de Malangatana “suplanta o patamar das etiquetas” e “vai para além” de qualquer classificação. “É extremamente difícil encaixá-la: tem o seu quê de barroco, pelo calor do cromatismo. Tem o seu quê de surrealista, pela capacidade de imaginação e criação que extravasa o figurativo”, adiantou a professora da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Na sua perspectiva, a pintura de Malangatana “é a poesia da humanidade, da alegria e do sofrimento da humanidade”.
Uma projecção de fotografias da autoria de Lieve de Boeck mostrará Matalana, a terra natal do artista, e o centro cultural que o mestre ali está a desenvolver.
“Malangatana tem um papel central na história da pintura moçambicana, traz a pintura moçambicana para a modernidade. Respeitando os valores da sua cultura tradicional e mantendo-se firmemente fiel às suas origens, estabelece um diálogo com formas estéticas pictóricas ocidentais”, sublinhou Luís Carlos Patraquim.
Na previsão do jornalista e poeta, o encontro desta tarde será “um jogo de cumplicidades” em que Malangatana brilhará com a sua “capacidade de contar histórias” e a sua “grande eloquência e talento”. O “Encontro com Malangatana” conta com o apoio da reitoria da Universidade de Coimbra.
A agenda do Instituto de História de Arte para 2006/2007 prosseguiu ontem, terça-feira, com sessões sobre “A Ceia”, de Hodart, com intervenções de Ana Alcoforado e Catarina Alarcão, e às 21:00, sobre o património universitário, a cargo do especialista António Filipe Pimentel.
EXPRESSO(Maputo) - 15.11.2006