Perspectivas Económicas em África
Os mega projectos, actualmente em voga em Moçambique geram poucos efeitos sobre o resto da economia nacional em termos do seu desenvolvimento, seja em termos de criação de empregos ou de receitas fiscais uma vez que beneficiam de importantes isenções fiscais e criam um número limitado de postos de trabalho, relativamente aos pequenos e médios empreendimentos.
De acordo com o relatório produzido pelo «Centro de Desenvolvimento» da «Organização para a Cooperação e Desenvolvimento da Europa» (OCDE), “os problemas críticos do desemprego e da pobreza persistem”, apesar do surgimento de grandes empreendimentos como a «Mozal», «Sasol», entre outros. O documento considera ainda que para além disso, “o crescimento económico que não está relacionado com os mega-projectos, pode conhecer algum abrandamento dada a ausência de reformas estruturais abrangentes e a diminuição das despesas destinadas a reconstrução”.
Apesar de reconhecer que o país continua a representar “um modelo de transição pós-conflito bem sucedida registando um crescimento económico médio de 8% por ano e gozando de uma sólida estabilidade política”, o relatório alerta que “esse crescimento económico deve-se essencialmente a mega-projectos de financiamento estrangeiro e o fluxo de ajuda externa” considera o relatório. Ou seja para esse crescimento as pequenas e médias empresas que são os verdadeiros motores da economia, contribuem muito pouco.
Entretanto, o relatório dá ênfase ao sector agrícola como sendo um dos que actualmente tem logrado alguns sucessos que contribuem positivamente para o crescimento económico.
“A agricultura contribui cada vez mais para este crescimento apesar da seca que afectou severamente o Sul do país”.
Carlos Castel-Branco
O Prof. Dr. Carlos Castel-Branco, intervindo por ocasião do lançamento do relatório que teve lugar ontem em Maputo considerou que “apesar do relatório apresentar o desenvolvimento económico que existe, também menciona as estrangulações, em especial o facto do crescimento económico em Moçambique estar concentrado em projectos de grande escala, mas com pouca energia para o desenvolvimento social e económico do país”.
De acordo com Castel-Branco o que faz com que este relatório seja diferente de outros do género “é que este chama atenção de que a taxa de crescimento económico, não é a única questão, ou talvez não seja a questão mais importante, uma vez que apesar de reconhecer que as taxas de crescimento são boas, questiona se esse crescimento está efectivamente a criar o desenvolvimento”.
Castel Branco afirma que “se olharmos para o relatório, iremos notar que em 2005 o sector agrário foi importante no crescimento da economia” afirma e acrescenta que “mesmo a nível sectorial essa concentração em alguns projectos de grande envergadura é real. Por exemplo, na agricultura, um dos grandes factores determinantes em 2005 foi o algodão e o tabaco, à volta de grandes empresas comerciais e empresas produtoras”.
Em relação à dinâmica industrial, Castel Branco diz que “está quase depende dos mega-projectos, e o comércio externo é muito influenciado por aquilo que acontece ao nível das exportações de alumínio” e não pela exportação de outros produtos.
Ao nível das políticas macro-económicas
Para Castel-Branco, “na análise da formulação da política macro-económica, continua a ser dada pouca atenção ao aspecto da relação entre a macro-economia e o papel do investimento”.
“Há um aspecto que o relatório menciona, quando discute a questão da balança de pagamentos, que é a vulnerabilidade da balança de pagamentos, dado o padrão de crescimento económico e comercial de Moçambique ser bastante concentrado” afirmou castelo Branco.
(José Belmiro) - CANAL DE MOÇAMBIQUE - 17.11.206
NOTA:
Dar "enxada" ou "cana de pesca" ao povo não dá as chorudas comissões e "joint ventures" que os grandes empreendimentos proporcionam. É fácil de ver.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE