de Orlando Castro
Eugénio Costa Almeida, meu amigo e Mestre lusófono do melhor que há, insurge-se no seu blog contra o facto de a Guiné-Bissau ir pedir, ou já ter pedido, a Angola que a apoie na reabilitação da sua Comunicação Social. Não é para menos. Mas, quer se queira ou não, é muito mais, mas muito mesmo, o que une Eduardo dos Santos a Nino Vieira do que o que os separa. Mas a questão é bem mais lata.
Tal como na Guiné-Bissau, também em Angola os verdadeiros Jornalistas correm o risco de terem acidentes estranhos e até de chocarem contra alguma bala. Também em Portugal (e cada vez mais) correm o mesmo risco. Mas a estratégia do MPLA, perante a passividade da UNITA (o único partido da oposição que deveria aspirar ao poder), vai muito mais longe.
Tem-se falado no recrutamento de mercenários da imprensa em Portugal para, em Luanda, ajudarem a silenciar uns tantos e a manter no poder os que já lá estão há 31 anos.
No entanto, pouco se tem falado da actividade do MPLA/Governo de Eduardo dos Santos directamente em Portugal onde, neste caso perante a passividade do Governo português, contrata mercenários da imprensa para, em Portugal, ajudarem a silenciar uns tantos que teimam em ser livres.
Porque razão os eventos levados a cabo pela actual Direcção na Casa de Angola em Lisboa não são noticiados por grande parte da imprensa portuguesa? Porque razão nem mesmo a RTP/África os noticia?
Porque razão grande parte da imprensa portuguesa tem supostos especialistas em assuntos angolanos que, afinal, são meros propagandistas das verdades oficiais, muitos deles com, no mínimo íntimas, ligações ao MPLA?
Porque razão grande parte da imprensa portuguesa veta (é óbvio que por “razões” legais, funcionais e uns tantos outros ais) os Jornalistas que querem escrever sobre a outra face do Governo de Luanda?
Porque razão os portugueses são obrigados a comer as verdades oficiais do Governo de Luanda sem que, em Portugal, se diga, mostre e prove (o que não é nada difícil) que a ditadura de Eduardo dos Santos só interessa aos poucos que têm milhões e não aos milhões que têm pouco ou nada?
Na minha opinião, o MPLA domina (por força do dinheiro com que compra quase tudo e quase todos) grande parte da imprensa portuguesa. Não por dominar as empresas jornalísticas mas, isso sim, por ter nas mãos alguns mercenários que estão em estratégicos postos de comando.
Mercenários bem pagos (é claro!) e que quando vão a Luanda (à Luanda de Eduardo dos Santos, que não à do Povo) ficam nos melhores hotéis, comem do melhor, bebem do melhor e até têm das melhores companhias.