Congresso da Frelimo
As eleições para o Comité Central(CC) do partido governamental mostram claramente o regresso dos dinossauros da Frelimo à vida política activa.
Os históricos, Marcelino dos Santos, Jorge Rebelo e Òscar Monteiro obtiveram excelentes resultados na votação a que foram submetidos, enquanto Sérgio Vieira foi o mais votado nas eleições realizadas em Tete.
Em contrapartida, membros do governo e figuras ligadas à governação de Joaquim Chissano, foram muito penalizados nas votações. Não conseguiram a eleição, os ministros das Obras Públicas, o irreverente Felício Zacarias, da Agricultura Tomás Mandlate, dos Transportes, António Munguambe. Também não conseguiram a eleição os vice- ministros do Trabalho, Soares Nhaca, do Turismo, Rosário Mualeia, dos Recursos Minerais, Abdul Razak. E ainda os vices dos Negócios Estrangeiros, Henrique Banze e Eduardo Koloma. Um dos secretários do partido, Maurício Vieira, também não conseguiu chegar aos lugares efectivos no CC.
Os mais votados, entre os que submeteram à votação secreta - 60 lugares- foram o "histórico" Alberto Chipande, a PM Luisa Diogo, a incontornável Graça Machel, a parlamentar Verónica Macamo, o presidente do Parlamento Eduardo Mulembué e o jovem repórter de Rádio e Televisão, Edmundo Galiza
Matos Jr. Entre as mulheres, a Diogo foi a mais votada, seguindo-se a viúva de Machel, a senhora Graça Machel.
José Pacheco, apesar da contestação à actuação da polícia foi muito votado, assim como Manuel Tomé, Edson Macuácua, Pascoal Mocumbi e os ministros da Educação e Saúde, respectivamente Aires Aly e Ivo Garrido.
A entrada para o CC de Samora Machel Jr. e Nyeleti Mondlane (filha de Eduardo Mondlane, o primeiro presidente da Frelimo) foram saudados com uma enorme ovação na sala.
A entrada de "Samito" como carinhosamente é tratado Samora Machel Júnior, apoiado pela família Machel e alguns históricos, é visto como parte de ensaio para "altos voos" no futuro, no quadro da renovação da Frelimo, suceder à figura do actual líder, quando este completar o ciclo de dois mandatos de presidência. A senhora Graça Machel terá em 2009, quase 70 anos e Samito, 45 anos de idade.
O músico dos "Gorohwane", Roberto Chitsondzo também foi eleito, bem como o deputado deficiente visual Isau Meneses, o secretário da presidência António Sumbane, o ministro da Indústria e Comércio, António Fernando e o veterano diplomata, Francisco Madeira.
Ascendeu ao CC o empresário Rafik Sidat, ligado ao Grupo tipografia Académica e ao jornal "Diário de Moçambique" sediado na Beira. Sidat é visto como figura muito próxima ao actual Presidente Guebuza.
Não conseguiu a eleição Leonardo Simão, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, no executivo anterior e actual Director da Fundação Joaquim Chissano.
Igualmente não conseguiram a eleição os antigos ministros da Agricultura e Recursos Minerais e figuras muito próximas ao antigo Presidente Joaquim Chissano, Hélder Muteia e Castigo Langa.
Igualmente ficaram de fora, os ministros da Educação Alcídio Nguenha, e do Interior, Almeirinho Manhendje , da Cultura Miguel Mkaima e da Administração Estatal, Alfredo Gamito, todos antigos ministros de Joaquim Chissano.
Mário Machungo, presidente de um grupo bancário e antigo- primeiro-ministro, não assegurou também a reeleição, mantendo-se como suplente do CC.
A deputada Ana Rita Sithole falhou a eleição, assim como o "histórico" Gideon Ndobe. Falharam também a eleição, Edgar Cossa, o académico Arlindo Chilundu, o sindicalista Amós Matsinhe, o professor de Direito, Machatine Munguambe, a funcionária do partido, Ana Margarida, a chefe do combate ao HIV-SIDA Joana Mangueira, a antiga chefe do INSS, Elina Gomes e o empresário Salimo Abdula.
Saíram do CC porque não se candidataram ou por outros motivos: António Simbine, Abdul Magid Osman, Aguiar Mazula, Teodato Hunguana, Joaquim Munhepe, Chivavice Muchangage, Albino Magaia, Salomé Moiane, Lourenço Bulha e Casimiro Huate.
A actual composição do Comité Central favorece a liderança de Emílio Guebuza dado que os "históricos" da Frelimo têm dado um apoio tácito ao novo presidente que os retirou da situação de "reforma" em que se encontravam no tempo de Chissano. (
A. De A. e redacção) - MEDIA FAX - 15.11.2006