A Polícia da República de Moçambique (PRM) negou quarta-feira ter feito detenções relacionadas com o assassínio da missionária portuguesa e adiantou ter sido reforçada a segurança em todos os estabelecimentos religiosos na região de Tete.
A missionária portuguesa Idalina Neto Gomes, 30 anos, e o padre brasileiro Waldir dos Santos, de 69 anos, foram mortos segunda-feira de madrugada por um grupo de homens armados que irromperam pela Missão da Fonte Boa, atacando igualmente as casas onde vivem padres e as missionárias que prestam serviço no distrito de Tsangano, junto da fronteira com o Malawi.
Um agente da PRM em Tete referiu terça-feira à agência Lusa que dois indivíduos suspeitos de envolvimento no assassínio tinham sido detidos na sequência de informações prestadas por um religioso que sobreviveu ao ataque, informação quarta-feira negada pelo comandante da PRM de Tete. O comandante Custódio Zandamela disse hoje à Lusa não haver nenhum detido, `apenas suspeitos´, e que `o trabalho de verificação de prováveis pistas ainda está a decorrer no terreno´.
Adiantou que as autoridades policiais em Tete reforçaram a segurança em `todos os estabelecimentos religiosos´. Custódio Zandamela disse que a decisão visa `trazer melhor segurança física e psicológica aos religiosos´, sobretudo os membros da cúria moçambicana da Companhia de Jesus, que nos últimos meses sofreram outros assaltos.
O comandante considerou o ambiente `calmo e restabelecido´ naquela região, sublinhando haver `muita colaboração da população para o esclarecimento do caso´.`A segurança e tranquilidade são uma realidade. As medidas estão ajustadas´, assegurou Custódio Zandamela, lamentando o facto de o incidente ter ocorrido numa altura em que os índices de criminalidade em Tete estavam a descrer.
A polícia moçambicana admitiu segunda-feira a possibilidade de o assassínio estar ligado a uma eventual retaliação por parte de um grupo de homens, composto por nacionais dos dois países, acusado de ter assaltado a missão em Julho passado.
A cúria moçambicana da Companhia de Jesus desconfia, no entanto, da existência de "acções concertadas" contra missões católicas em Moçambique, duvidando que os assassínios, segunda-feira, do padre brasileiro e da missionária portuguesa tenham sido um acto de vingança.
O corpo da missionária portuguesa hoje quinta-feira a Portugal, segundo disse à Lusa fonte diplomática portuguesa. Um relatório divulgado em Lisboa, em finais de Junho passado, pela organização católica Fundação à Igreja que Sofre, refere que no ano de 2005 foram mortas 26 pessoas de várias congregações religiosas em missão de evangelização nos quatro cantos do mundo.
IMENSIS - 09.11.2006