Os críticos prestam serviço público
Entrevista conduzida por Robben Jossai
Rui Cartaxana, jornalista moçambicano, 77 anos bem vividos, fundador da Tempográfica, também defensor de causas sociais como no bairro da Munhava, na cidade da Beira, esteve a semana finda em Maputo para rever familiares, amigos e a terra que o viu nascer. Duas horas antes de partir de regresso a Portugal, onde vive actualmente, falou para o SAVANA desfiando a memória sobre a sua vida, a sua carreira profissional, o jornalismo moçambicano, o papel da Imprensa independente no desenvolvimento do país. Houve mesmo tempo para dois dedos de conversa sobre futebol e o fabuloso Matateu. Eis, de seguida, a entrevista:
Começo pela parte que mais me marcou nas suas reportagens, sobre a usurpação de terra da população vulnerável por latifundiários na Munhava. Nessa altura não era fácil aquele tipo de reportagens…
O que estava a passar é que na zona que liga a cidade da Beira, numa extensão de oito, nove quilómetros, a terra ali é boa e começou a ser ocupada por populações rurais daquela zona. Só que o proprietário registado daqueles terrenos (embora julgo não ser em título definitivo) eram o Dr. Joaquim Palhinha e um outro senhor chamado Dias da Cunha, que eram homens ricos da cidade da Beira. Eles tinham lá dois ou três cobradores brancos, europeus, que regularmente percorriam aqueles quilómetros cobrando dois tipos de receitas: uma era pela implantação de uma palhota e a outra era pela machamba. Só a palhota custava “x”, a palhota com a machamba custava mais. Não sei muito bem se foi o contínuo da redacção ou o (Ricardo) Rangel que me disse: isto é uma vergonha. Estes desgraçados, que eram milhares de pessoas, que estão para fazer a sua machamba ou palhota pagam uma renda mensal que era cobrada por esses empregados dos latifundiários. Um dia falei com Soares Martins sobre esse trabalho e disse-me que avançasse…
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