Tunes, 13 Setembro 2006 – O Consórcio para as Infra-estruturas em África (ICA), em parceria com o Grupo do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), levou a cabo no passado dia 12 de Dezembro, em Tunes, uma conferência de alto nível assente no tema “Financiar a electricidade para o crescimento em África”.
O encontro teve como objectivos principais a sensibilização das principais empresas do sector da energia e investidores para os projectos de infra estrutura eléctrica que requerem financiamento imediato em África, a partilha de conhecimento e a promoção do diálogo entre os promotores de projectos e o sector privado. O consenso geral é de que a maioria destes objectivos foram alcançados.
Dando as boas vindas aos participantes, o Vice-Presidente do Banco para as Infra estruturas, NEPAD e sector privado, Mandla Gantsho, lembrou as parcerias estratégicas da instituição no campo das infra estruturas, com vista a apoiar os esforços de desenvolvimento do continente, acrescentando que o Banco tem desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento financeiro.
Por seu lado, Donald Kaberuka, o presidente do BAD, reconheceu os esforços do ICA face aos desafios do continente na área da infra estrutura, declarando-se satisfeito por se associar à iniciativa.
Kaberuka referiu-se às diferentes parcerias em curso na área da energia, dando o exemplo da inter conexão Argélia-Marrocos-Espanha e o gasoduto entre Moçambique e a África do Sul, ambos os projectos financiados pelo BAD com outros parceiros.
Mencionou ainda a preparação de uma Plataforma Estratégica de Médio ou Longo Prazo (MLTSF), que determinará o caminho das infra estruturas para o desenvolvimento no continente nos próximos 15 a 20 anos e elogiou o papel do Banco no desenvolvimento da Plataforma de Investimento em Energias Renováveis para o Desenvolvimento (CEDIF), que entrou em funcionamento após a cimeira de Gleneagles em 2005.
Durante a sua intervenção, inserida no quadro de oradores eminentes convidados pelo Banco, Benjamin Mkapa, anterior presidente da Tanzânia e co-presidente da “Investment Climate Facility for Africa”, lamentou o subdesenvolvimento e marginalização do continente na área do consumo de energia per capita e no baixo nível de produtividade e prosperidade. Disse a esse respeito: “O acesso à energia é vital no esforço de África para atingir qualquer um dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, como a água e saneamento, igualdade na educação, malnutrição, mortalidade infantil e outros objectivos relacionados com a saúde”.
Sublinhou igualmente a ironia em que África se encontra, visto deter parte das reservas petrolíferas e maiores recursos hídricos como potencial fonte de produção de hidroelectricidade no mundo, mas apenas 20% da sua população (2% nas áreas rurais) beneficia do acesso a electricidade.
A conferência reuniu participantes de todo o mundo, incluindo representantes de empresas de gestão de electricidade, conselheiros comerciais, pólos energéticos regionais e representantes de instituições bancárias e de governos. Estiveram igualmente representadas diversas comunidades económicas regionais, a NEPAD e a União Africana, bem como instituições regionais e internacionais envolvidas ou interessadas em projectos de electricidade em África.
As apresentações assumiram a forma de 5 sessões que deram espaço ao diálogo e a questões por parte da audiência. Discussões paralelas tiveram igualmente lugar fora do espaço da conferência.
As sessões incluíram casos de estudo e factores de sucesso baseados nas transacções que envolvem a participação do sector privado em projectos de electricidade, uma perspectiva sobre a acção das centrais de energia regionais, as suas iniciativas actuais e informação sobre projectos-chave de electricidade em diferentes regiões de África. Um conjunto de oradores representando os sectores público e privado avançaram com soluções, formas de ultrapassar obstáculos estruturais estratégicos e apresentaram casos de sucesso.