A circuncisão masculina pode reduzir para metade a taxa de infecção com o vírus da sida, concluem dois ensaios clínicos envolvendo milhares de pessoas em África, que confirmam os resultados de estudos anteriores.
Os dados são considerados tão importantes e conclusivos que o Instituto Nacional de Saúde norte-americano decidiu antecipar o fim dos ensaios, por considerar inéticos os riscos corridos pelo grupo de homens não-circuncidados que participavam na investigação.
Na prática, os resultados comprovam que os homens circuncidados têm um risco 50 por cento mais baixo de contrair o HIV. E que a circuncisão de rapazes e homens poderá ajudar a evitar milhares de novos contágios e mortes por sida no continente mais flagelado pela doença.
Os estudos foram realizados no Uganda e no Quénia e envolveram oito mil homens heterossexuais. No Quénia, o estudo revelou uma quebra de 53 por cento de novas infecções com o HIV entre os homens sujeitos à operação. No Uganda, a investigação concluiu que houve uma redução de 48 por cento no mesmo grupo.
Os investigadores explicam que a remoção cirúrgica do prepúcio ajuda a reduzir a hipótese de infecção porque a pele que cobre a glande contém células que o vírus conseguirá infectar mais facilmente. Por outro lado, depois da circuncisão, a pele por baixo da glande torna-se menos sensível e menos sujeita a ferimentos que facilitam o contágio.
Já em Julho deste ano dois investigadores da Organização Mundial da Saúde (OMS), através da revisão de vários estudos, calculavam que `a circuncisão masculina poderia evitar seis milhões de novas infecções e salvar três milhões de pessoas na África subsariana nos próximos 20 anos´.
Em declarações à BBC, o responsável pelo combate à sida na OMS considerava os resultados dos ensaios um `avanço científico significativo´, mas sublinhava que a operação cirúrgica não seria a solução milagrosa nem pode substituir as actuais estratégias de combate à doença. Não se pode passar a mensagem de que os homens ficam protegidos da doença. Este deverá ser `uma forma de actuação importante´ a juntar aos restantes meios de prevenção, defendeu.
IMENSIS - 16.12.2006