Foi concluído ontem com sucesso o resgate de mais de 500 ilhéus que corriam risco de vida em consequência das cheias dos rios Chire e Dziwe-Dziwe, afluentes do grande Zambeze, no distrito de Mutarara, em Tete.
Trata-se de uma operação que arrancou no sábado passado, envolvendo especialmente canoas mobilizadas nas comunidades. O facto deveu-se à dificuldades de acesso às ilhas afectadas por navegação de embarcações a motor fora de bordo.
Com recurso a canoas da comunidade, foi possível resgatar os sitiados em curto espaço de tempo em que os rios Chire e Dziwe-Dziwe começaram a transbordar e que as pessoas atingidas começassem a abandonar as suas casas para os centros de acolhimento.
Esta capacidade de resposta, entretanto, aliviou de certa forma o executivo que já estava a equacionar meios de resgate. Mesmo assim, o director do INGC, Paulo Zucula, achou por bem orientar o reforço da reserva de combustível e lubrificantes para uma intervenção das embarcações pré-posicionadas na Administração de Mutarara caso a situação assim o justifique.
Não obstante, Zucula louvou a solidariedade e colaboração demonstradas pela comunidade afectada, reconhecendo ainda o esforço empreendido que evitou a perca de vidas humanas nesta operação de resgate de pessoas sitiadas. O distrito de Mutarara conta actualmente com 1.753 deslocados das cheias do Chire no centro de acomodação de Cassambala, no posto administrativo de Inhangoma.
Das cerca de três mil pessoas afectadas por esta situação algumas estão já alojadas nas imediações das zonas de Charre e Vila Nova da Fronteira, junto ao vizinho Malawi, sendo que a maior preocupação está relacionada com a falta de alimentação. A propósito, o Programa Mundial para Alimentação (PMA) arrancou esta semana com a distribuição de diversos produtos da primeira necessidade na ordem de 120 toneladas.
Por outro lado, o INGC comprometeu-se a prestar ajuda na construção de casas melhoradas em sítios seguros, incluindo a canalização de sementes para a segunda época agrícola e factores de produção como enxadas, catanas, foices e machados.
Dados preliminares indicam que no distrito de Mutarara um total de 2.263 habitantes foram afectados por estas intempéries, 1.905 casas desabaram, para além da destruição de 2.102 hectares de culturas diversas. Além disso, não há comunicação rodoviária entre Mutarara/Inhangoma e Mutarara/Morrumbala.
Enquanto isso, o governo de Moma, em Nampula, deve encontrar a curto ou médio prazos, novas área para construção de habitações para as cerca de mil famílias que perderam as suas casas como resultado das enxurradas, segundo recomendação da ministra dos recursos minerais, Esperança Bias, na qualidade de membro da Comissão Técnica para a monitoria da situação naquela região.
NOTÍCIAS - 30.01.2007