Novas correntes no «grande rio»
Salomão Moyana já não é sócio da empresa proprietária do semanário «Zambeze» e vai deixar de ser director do jornal. Lourenço Jossias, o editor, também poderá estar de saída.
A «NOVOmedia, SARL» deixou de ter como seu accionista o director do seu único produto editorial, o semanário «Zambeze». Fonte da empresa – que por se tratar de um empregado não quis ser identificada – revelou ao «Canal de Moçambique» que a empresa continuará a ser detida em 80% por moçambicanos e 20% por estrangeiros.
A sua última edição, de quinta-feira 25 de Janeiro, o hebdomadário ainda apresentava no seu frontispício os jornalistas Salomão Moyana (director) e Lourenço Jossias (editor) como seus responsáveis editoriais, mas um trabalhador da empresa disse ao «Canal» que ambos vão deixar aquelas funções e já convidaram os trabalhadores para os acompanharem num novo projecto editorial. Segundo várias outras fontes, esses 35% eram detidos na proporção de 25% para Moyana e 15% de Lourenço Jossias, mas a fonte do «Canal» refere que os 35% do capital social da «NOVOmedia, SARL» eram detidos exclusiva e nominalmente por Salomão Moyana. Seja como for “são esses 35%” que foram recentemente adquiridos, “por cerca de vinte mil dólares”, por “um outro accionista moçambicano que já detinha 45%”.
Até ao fecho desta edição o «Canal» ainda não tinha conseguido apurar o nome desse accionista moçambicano, sabendo-se apenas que se trata de “um zambeziano”.
Por outro lado, uma outra fonte do «Canal», sob reserva, assegura que não há nenhum accionista moçambicano novo na empresa. Há no entanto um novo sócio estrangeiro, sem que, contudo, o total subscrito por estrangeiros exceda os 20%. A Lei de Imprensa em vigor limita a participação de estrangeiros no capital social de empresas de comunicação social, a 20% do total do capital da sociedade.
Numa proposta de revisão da Lei de Imprensa actual, essa fasquia aparece com o mesmo nível de limitação (20%). Na lei ainda vigente não há nenhuma limitação a que o capital estrangeiro possa participar com mais de 20% conquanto seja indirectamente e através de uma sociedade com outro objecto social e desde que seja de direito moçambicano. Já no texto do projecto da nova lei da lavra do Gabinete de Informação (GABINFO), o governo pretende acrescentar “nem directa, nem indirectamente” ao artigo que estabelece a limitação de 20% aos estrangeiros em sociedades cujo objecto seja de comunicação social.
A Comunicação Social é uma área em que o presidente executivo da Frelimo e simultaneamente presidente da República de Moçambique detém interesses directos.
Esta operação de transferência de capitais na «NOVOmedia, SARL» vinha sendo referida como “iminente” em certos meios, mas o que estava a ser feito constar é que Salomão Moyana e Lourenço Jossias se preparavam para adquirir a totalidade do capital aos outros accionistas numa operação que envolveria um parente de Samora Machel. Tais informações provinham de trabalhadores da «NOVOmedia, SARL» que se diziam agastados com a morosidade no pagamento de salários e outras obrigações, “situação completamente solvida”, agora depois que a operação de cedência de participações se concretizou.
O semanário «domingo», onde tanto Salomão Moyana e Lourenço Jossias já trabalharam, noticiou ontem em primeira mão a saída de ambos do semanário que fez do slogan «Zambeze, o grande rio onde a nação se reencontra». Na notícia o concorrente do «Zambeze» chega ao ponto de anunciar que Moyana e Jossias vão fundar uma nova publicação com o mesmo nome – “Zambeze Magazine” – nome que até “já está registado no GAFINFO”. GABINFO é o departamento do Gabinete do Primeiro-ministro a quem compete atribuir o alvará às publicações. Se tal registo foi mesmo aceite deixará espaço para que se venha a confundir com um eventual suplemento com essa mesma designação que os patrões do «Zambeze» venham a decidir editar. Por ontem ter sido domingo, o «Canal de Moçambique» não pôde certificar-se de que tal registo exista de facto em nome de Moyana ou Jossias como se antecipou a revelar o hebdomadário da «Sociedade Notícias, SARL» que tem como principal accionista o Banco de Moçambique, com cerca de sessenta por cento do capital social. De referir a título informativo que o Presidente do Conselho de Administração da Sociedade Notícias, SARL, Dr. Ernesto Gove é, simultaneamente, Governador do banco central emissor.
Para além do semanário «Zambeze» existem ainda outros semanários em Moçambique, todos eles com sede em Maputo: «Savana», «O País», «domingo», «meia noite».
CANAL DE MOÇAMBIQUE - 29.01.2007