Sobe Erasmo Muhate, no Ministério da Agricultura, e cai Tomás Mandlate
Na Universidade do Lúrio, em Nampula, sobe a Reitor Jorge Ferrão que recentemente recusara ser nomeado pelo ministro Fernando Sumbana para um cargo no Turismo.
Sem espanto, para algumas correntes de opinião, o presidente da República exonerou o ministro da Agricultura, Tomás Mandlate. Substituiu-o por um quadro já com anos de serviço no referido ministério: Erasmo Cardoso Muhate, que entre vários outros cargos já foi presidente do Instituto Nacional do Algodão que lhe outorga credenciais como homem de terreno.
Alguns círculos de opinião tentam explicar a queda de Tomás Mandlate guiando-se pelas seguintes hipóteses: a primeira remete a sua exoneração a supostos problemas de saúde. A segunda hipótese justifica a sua queda alegadamente por “nunca ter conseguido impor-se no Ministério da Agricultura”. Esta é a que se anuncia como “a mais consistente”. O argumento mais forte para a sustentar, embora também pouco explique sem que seja acompanhada de factos, expressa que “Tomás Mandlate foi incapaz de dar ao referido Ministério a dinâmica que Armando Guebuza pretendia.” Contudo, ninguém explica a dinâmica que Guebuza defende para a Agricultura. E os mais cépticos arriscam-se mesmo a dizer que o próprio presidente da República não sabe como resolver o problema da Agricultura em Moçambique. Defendem uns que, porque ele próprio Guebuza tem interesses em empresas que estão a beneficiar do actual marasmo evidenciado pelas autoridades estatais, como é o caso nas madeiras e os seus comprovados interesses na Cornelder que gere o Porto de Quelimane onde um dos grandes negócios tem sido a saída de madeira em bruto resultante do abate desenfreado das florestas da Zambézia.
Outros, que se auto-intitulam “menos mesquinhos”, dizem que o problema da Agricultura não está na Agricultura mas nos Transportes e nas Obras Públicas. Os “Transportes”, entenda-se o Ministério, porque não se mexe para por fim ao impedimento de camiões de outros países da SADC poderem ser contratados para superar a falta de oferta interna que assegure os escoamento da produção das zonas rurais para os centros de consumo e comercialização. As Obras Públicas porque anda há anos enredada em preconceitos e esquemas de vária ordem que não permitem que o país possa passar, com maior celeridade, a ter estradas secundárias e terciárias que assegurem o escoamento da produção agrícola.
No entanto, há também quem diga que Armando Guebuza precisava de mostrar que está a fazer qualquer coisa para acabar com a passividade do governo e do Estado perante o recentemente denunciado “tráfico da madeiras protagonizado pelas máfias sino-moçambicanas na Zambézia e em Cabo Delgado”. E necessitava de se limpar ele próprio dos que o julgam com interesses na operação, não só pelas suas afinidades com os chineses como pelo benefícios que tem estado a tirar via Cornelder no Porto de Quelimane. “Fez uma vítima e essa vítima chama-se Tomás Mandlate”.
“Agora até que Muhate faça qualquer coisa será como diz o velho ditado: “enquanto o pau vai e vem, folgam as costas”. Uma manifestação já apelidada de “pró-ocidental” por quem quer dissipar os ânimos dos que a pretendem promover em protesto pela desflorestação a que o “take-away chinês” está a sujeitar os recursos do país conluiado com destacadas figuras da nomeklatura, poderá no entanto precipitar os acontecimentos.
Universidade do Lúrio
O caso menos polémico e que até passou por pessoas a perguntar que universidade é essa, foi o da nomeação que o PR fez de um Reitor para a Universidade do Lúrio, em Nampula. Como se trata também de uma pública, coube ao PR Armando Guebuza, nomear a figura para o cargo. Nomeou um quadro do Ministério do Turismo, Jorge Ferrão.
Recentemente, Jorge Ferrão recusou uma nomeação do ministro do Turismo, Fernando Sumbana, para ocupar um cargo na área de Conservação Transfronteiriça, na província de Gaza.
(Celso Manguana e Luís Nhachote) - CANAL DE MOÇAMBIQUE - 26.02.2007