Um ano depois do homicídio
A Renamo que constituiu uma equipa de investigação paralela junto da PRM, parece pouco interessado em acompanhar a situação porque não sabe até hoje o estágio actual da investigação do crime que tiro a vida seu deputado.
Completou no passado dia seis de Março o primeiro ano após o assassinato em plena via pública na zona da Ponta-Gêa, na cidade da Beira do deputado da Renamo-União Eleitoral (RUE), na Assembleia da República (AR), José Gaspar Mascarenhas.
Até hoje não são conhecidos os autores do assassinato do deputado Mascarenhas, de igual modo não se sabe até aqui as circunstâncias que o finado encontrou a morte.
A Polícia da República de Moçambique (PRM) teria garantido na altura que acabava de ocorrer o homicídio, isto é Março de 2006 que divulgaria o resultado da autópsia e também apresentaria os autores do crime caso fossem capturados uma vez decorria na altura a investigação com vista a encontrar pistas para neutralizar os presumíveis assassinos do Mascarenhas.
O antigo porta-voz da PRM em Sofala, Raúl Magaiça, ora comandante distrital do Búzi, teria referido a Reportagem do Jornal Púnguè que na altura não era oportuno divulgar os resultados da autópsia porque o assunto estava sendo tratado a porta fechada, por se tratar de segredo da justiça.
Explicou que isto não podia ser entendida como falta de vontade por parte da policia em esclarecer as circunstancias da morte de Mascarenhas. (vide edição número 84 do Púnguè)
Entretanto na altura o nosso jornal contactou telefonicamente o director geral do Hospital Central da Beira (HCB) Josefo Ferro, tendo este confirmado que o corpo do perecido deputado Mascarenhas tinha sido submetido á autopsia. Ele explicou que por se tratar de matéria criminal a divulgação dos resultados não era da responsabilidade daquela unidade sanitária , mas sim da Policia da Investigação Criminal (PIC).
A investigação preliminar levada a cabo pela Polícia de Investigação Criminal (PIC) na altura alegava que a morte teria ocorrido num outro lugar, tendo o corpo sido despejado na zona da praia de “ O Veleiro”, junto a praça de Independência no Bairro da Ponta–Gêa a sensivelmente meio quilómetro do palácio do governador de Sofala Alberto Vaquina. A mesma investigação preliminar não avançou de que modo morreu.
Enquanto que as autoridades policiais não divulgam os resultados da autópsia submetida ao corpo do malogrado deputado Mascarenhas assassinado em plena via pública, o que daria a conhecer as circunstancias da morte, a opinião pública na Beira, continua a presumir que Mascarenhas teria encontrado a morte por baleamento.
Reagindo o sucedido (ainda ano passado) o presidente da Renamo Afonso Dhlakama, disse que apesar da Polícia não ter revelado nada sobre as circunstancias da morte do deputado da AR, o corpo do malogrado apresentava sinais de ter sido agredido e também ter sido baleado na parte da cabeça.
A mesma opinião pública não descarta a hipótese de o Mascarenhas ter sido morto no ajustes de contas com os seus detractores, incluindo a secreta moçambicana, uma vez tinha trabalhado no extinto Serviço Nacional de Segurança Popular (SNASP), actual Serviços de Informação de Segurança do Estado (SISE), que abandonara em 1982, rumando de seguida a Portugal.
Enquanto isso, há os que apontam motivações políticas.
No decurso do processo de investigação levada a cabo pelas autoridades da justiça foi ouvido o cidadão Luís Carrelo, indivíduo influente na Praça apontado como que estivera com o malogrado no dia da ocorrência do assassinato.
Este por sua vez quando contactado pelo Púnguè afirmou que havia sido recomendado pelas autoridades a não prestar nenhuma declaração sobre o assunto a imprensa.
Enquanto isso, o delegado político da Renamo em Sofala, Fernando Mbararano tinha avançado a imprensa que o seu partido havia instituído uma equipe de investigação paralela do caso, constituído por dois exguerrilheiros, nomeadamente Moisés Machava (chefe dos assuntos sociais dos desmobilizados da Renamo) e Faque Faria .
Os cidadãos abordados pelo Púnguè na altura da ocorrência daquele assassinato disseram que queriam ver o caso da morte daquele deputado esclarecido, julgados e condenados os autores, o que se não vier acontecer corrermos o risco de assistir mais um caso semelhante a da mortes do economista Siba Siba Macuacua, músico Pedro Langa, engenheiro Aderito Machel, Juiz Nkutumula e a sua família entre outros que até hoje passam mais de quatro anos sem que os autores dos crimes não são conhecidos.
Polícia revela fraqueza
Cidadãos abordados pelo jornal Púnguè sobre o assunto, referiram que a situação de crimes que acontecem sem que os criminosos sejam encontrados passou a ser fenómeno no país. Os mesmos que aceitaram falar na condição de anonimato temendo represálias foram unanimes em atribuir a culpa a Polícia da República de
Moçambique (PRM), que consideram que a corporação apresenta fraquezas na matéria de investigação de crimes de natureza de assassinato.
Acrescentaram que há falta de vontade por parte da PRM, porque no entender deles figura como era Mascarenhas, deputado da AR, o esforço de investigação devia ser enorme no sentido de os autores do crime fossem identificados e punidos.
Num contacto recente com Mateus Mazive do Gabinete das Relações Pública do Comando da PRM em Sofala, a Reportagem do jornal Púnguè, ficou a saber que a corporação policial ainda não encontrou os presumíveis
assassinos do Mascarenhas, e actualmente o caso encontra-se nas mãos da Procuradoria Provincial de Sofala a seguir outros tramites legais.
Entretanto, Púnguè tentou na manha da ultima quarta-feira contactar a Procuradoria da República para sabermos do estágio actual do processo de assassinato de Mascarenhas, tudo por causa da alegada apertada agenda de trabalho do Procurador adjunto Jeque Costa.
Que papel desempenhou a equipa paralela da Renamo?
O partido Renamo instituiu ano passado uma equipa, de investigação paralela do “caso” assassinato do deputado Mascarenhas. A referida equipa constituída por Moisés Machava, chefe dos assuntos sociais dos desmobilizados da Renamo e Faque Inácio Faria.
A equipa tinha como missão acompanhar o processo de investigação junto da PRM.
Passado um ano após a morte do deputado a opinião Pública mostra-se indignada com o papel desempenhado pela referida equipa paralela de investigação da Renamo, apontando que aquele grupo não funcionou devidamente por forma que o crime fosse esclarecido, “pelo menos alguma coisa relacionado com as investigações devia ser pronunciado pela Renamo, para que o povo saiba se a busca dos criminosos prossegue ou está fora da mão, se é que a Renamo luta pelos princípios da dignidade humana, justiça, e paz”.
Contactado recentemente pelo jornal Púnguè, Faque Faria quase não disse nada senão referir que tudo cabe a Polícia de Investigação Criminal (PIC).
Os pronunciamentos de Faque Faria mostram que a Renamo já não está interessado com o processo de investigação do crime que levou a morte do seu deputado, ou melhor representante do povo pelo pelo circulo eleitoral de Sofala na AR.
PÚNGUÈ - 15.03.2007